Governo anula leilão do arroz por fragilidade financeira de empresas e fará outro sem data definida

Como mostrou o Estadão, das quatro vencedoras, apenas uma era do ramo; arremataram o leilão uma fabricante de sorvetes, uma mercearia de bairro especializada em queijo e uma locadora de veículos

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Foto do author Sofia  Aguiar
Atualização:

BRASÍLIA – O governo federal anunciou nesta terça-feira, 11, a anulação de lotes arrematados no leilão de compra pública de arroz importado e beneficiado, realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na quinta-feira, 6, após suspeitas de irregularidades. A anulação foi feita por indícios de falta de capacidade técnica e financeira das empresas em honrar os compromissos, como revelou o Estadão.

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“A partir da revelação de quem são essas empresas, começaram os questionamentos se verdadeiramente essas empresas teriam capacidade técnica e financeira de honrar os compromissos de um volume expressivo de dinheiro público”, afirmou o presidente da Conab, Edegar Pretto, em coletiva de imprensa.

Como mostrou o Estadão, das quatro companhias vencedoras, apenas uma – a Zafira Trading – é uma empresa do ramo. Também arremataram o leilão uma fabricante de sorvetes, uma mercearia de bairro especializada em queijo e uma locadora de veículos.

O anúncio da anulação ocorreu após Pretto e os ministros do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e da Agricultura, Carlos Fávaro, se reunirem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta manhã. Segundo Teixeira, a maioria das empresas que participaram do leilão demonstraram fragilidade financeira em operar o montante de dinheiro.

Segundo a Conab, a companhia quer fazer um novo leilão de arroz, mas com ferramentas que já garantam que as empresas contratadas terão capacidade técnica e financeira Foto: Alex Silva/Estadão

Novo leilão

De acordo com o presidente da Conab, a companhia pretende fazer um novo leilão de arroz, mas com ferramentas que já garantam que as empresas contratadas terão capacidade técnica e financeira. A data do novo leilão, contudo, não está definida.

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“Vamos revisitar os mecanismos estabelecidos para esses leilões com apoio da Controladoria-Geral da União, da Advocacia-Geral da União, e pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos para a gente poder ter garantias que vamos contratar empresas que terão capacidade técnica e financeira”, comentou.

Segundo Teixeira, “não haverá recuo da decisão, tendo em vista que o arroz precisa chegar à mesa do brasileiro a preço justo.” De acordo com ele, Lula quer que o arroz e outros alimentos estejam à mesa da população a preços justos.

Fávaro ponderou que, apesar de haver um volume justo entre produção e consumo, não significa que não há arroz no Brasil. “Tenho certeza que vamos conseguir um edital mais moderno, mais eficiente e mais transparente”, disse. “Vamos construir mecanismos para avaliar antes as empresas que vão participar do leilão”, comentou a exemplo de exigir capacidades financeiras.

O ministro comunicou também a demissão do então secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, o ex-deputado e ex-ministro Neri Geller. Fávaro afirmou que o secretário pediu demissão nesta manhã, que foi aceita. Como revelou a Coluna do Estadão, o ex-deputado entrou na mira do Palácio do Planalto após o fracasso do leilão de arroz.

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