Desenrola: governo prorroga novamente o programa de renegociação de dívidas, desta vez até maio

Será a segunda extensão de prazo do programa, criado em julho do ano passado; prorrogação valerá para a Faixa 1, que atende trabalhadores que ganham até 2 salários mínimos

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Foto do author Bianca Lima
Atualização:

BRASÍLIA – O governo decidiu prorrogar até 20 de maio a vigência do Desenrola Brasil, o programa de renegociação de dívidas de pessoas físicas inadimplentes. Trata-se da segunda extensão de prazo: inicialmente, as renegociações estavam previstas para acabar em dezembro, mas foram estendidas até 31 de março devido à demanda abaixo do previsto.

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Agora, porém, o motivo é outro. Segundo apurou o Estadão, as renegociações ganharam tração após a integração do Desenrola com as plataformas bancárias, e o governo quer aproveitar o movimento. Isso foi possível graças a uma portaria publicada pelo Ministério da Fazenda, no fim de janeiro, permitindo a interligação do sistema com os aplicativos e sites dos bancos. Antes, o acesso era limitado ao gov.br.

O que vem puxando as renegociações são os aplicativos da Serasa (chamado Limpa Nome) e da Caixa Econômica Federal (o Caixa Tem, que é usado para fazer o pagamento de benefícios sociais). Atualmente, cerca de metade do volume diário de operações está sendo feita por meio de canais parceiros, afirmam interlocutores.

Desenrola Brasil 2 Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Esse novo fôlego também se deve, mas em menor escala, à possibilidade de os consumidores realizarem as renegociações de forma presencial e gratuita nas mais de 6 mil agências dos Correios – o que foi autorizado no início desse mês.

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Medida Provisória

A nova prorrogação do Desenrola será feita por meio de Medida Provisória e, da mesma forma como aconteceu em dezembro, será válida apenas para a faixa 1 do programa, que atende a trabalhadores que ganham até dois salários mínimos ou estão inscritos no Cadastro Único de ações sociais do governo federal (CadÚnico).

Nesse grupo, são renegociadas dívidas de até R$ 20 mil, e as operações contam com o aval do Fundo de Garantia das Operações (FGO) – ou seja, com garantia do Tesouro Nacional.

Segundo interlocutores a par do assunto, não serão aceitas dívidas novas, apenas as que já constam da plataforma (contraídas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022), e o valor dos débitos terá uma atualização pela inflação.

A trava para a inclusão de novas dívidas tem sido, desde o início da vigência do programa, uma das exigências das instituições financeiras, sob pena de reduzir a potência da renegociação.

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O Desenrola foi lançado em julho do ano passado. À época, a expectativa da Fazenda era renegociar cerca de R$ 75 bilhões de 70 milhões de consumidores com o nome sujo e, portanto, sem acesso a crédito para consumir. Os últimos números, porém, apontam cifras mais tímidas: R$ 50 bilhões renegociados por 14 milhões de pessoas.

O programa funciona da seguinte maneira: o governo realiza leilões para obter os maiores descontos possíveis nos débitos, que podem ser pagos à vista ou parcelados em até 60 meses, com juros máximos de 1,99% ao mês. Os descontos, em média, são de 83%, mas chegam a 96%.

Para viabilizar os juros mais baixos e garantir o apetite dos bancos, o Tesouro garante, por meio do FGO, eventuais inadimplências que venham a ocorrer nos empréstimos. Além das dívidas bancárias, como cartão de crédito, também estão incluídas as contas atrasadas de outros setores, como estabelecimentos de ensino, energia, água, telefonia e comércio varejista.

O Ministério da Fazenda confirmou a informação após a reportagem do Estadão. Segundo a pasta, a publicação da MP está prevista para esta quinta-feira, 28, no Diário Oficial da União (DOU).

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