Boa notícia para o comércio e para o governo, o aumento do emprego é com frequência um sinal de alerta para o Banco Central (BC), responsável principal pela defesa da moeda e, portanto, pelo controle da inflação. O alarme voltou a soar forte, com a desocupação reduzida a 6,4% no trimestre encerrado em setembro. Foi a segunda menor taxa de desemprego na série atual, iniciada em 2012. A população desocupada, 7 milhões de pessoas, foi 7,2% menor do que no trimestre anterior. A população ocupada, 103 milhões, foi a maior da série histórica, proporcionando outra boa novidade para quem depende da prosperidade e do bom ânimo dos consumidores.
Refletindo o aumento do emprego e da massa de rendimentos, o volume de vendas do comércio varejista superou por 5,1%, entre janeiro e agosto, o total acumulado no mesmo período do ano anterior. Em 12 meses a expansão chegou a 4% e o recuo mensal de 0,3% em agosto parece ter sido apenas um pequeno ajuste depois da expansão de 0,6% em julho. Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Favorecido pela expansão da atividade e do emprego, o bem-estar das famílias foi em parte comprometido pela alta de preços ao longo do ano. A inflação bateu em 0,44% em agosto, depois de uma taxa negativa (-0,02%) no mês anterior, acumulando 3,31% em 2024 e 4,42% em 2 meses. Alguns fatores especiais, como a mudança da bandeira tarifária da energia elétrica e a seca em alguns Estados, impuseram maiores custos à população. A seca prejudicou a oferta de alimentos e pressionou sensivelmente o orçamento de grande parte da população.
Também é preciso levar em conta fatores sazonais, normalmente presentes no aumento de preços e na expansão do emprego no segundo semestre. Esses fatores tendem a dissipar-se no começo do ano, mas alguns desajustes podem permanecer. O cenário dos preços tem sido afetado também pela alta do dólar, ocasionada por fatores internacionais e, além disso, pela insegurança de investidores atuantes no mercado interno. A insegurança é em parte relacionada à expansão dos gastos do governo e à evolução das contas federais nos próximos dois anos.
Os ministros do Planejamento e da Fazenda têm trabalhado para tornar mais claras e menos preocupantes as perspectivas das finanças públicas. O resultado desse esforço dependerá em parte do comprometimento do presidente da República e também do apoio conseguido no Congresso Nacional.
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Enquanto as incertezas permanecem, também se sustentam as projeções inquietantes formuladas no mercado financeiro. Segundo essas projeções, a inflação poderá superar neste ano o teto da meta, 4,5%, e permanecer bem acima do objetivo central, 3%, pelo menos até 2027.
As boas condições de emprego dificilmente serão sustentadas, nos próximos anos, se faltar confiança para a expansão dos negócios e para o avanço do investimento no potencial produtivo. As atuais projeções do mercado financeiro já são marcadas pelo pessimismo tanto em relação aos preços quanto em relação ao crescimento da atividade. Não basta o governo exibir otimismo quando a incerteza predomina em grande parte do mercado.
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