BRASÍLIA - O líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá, disse nesta segunda-feira, 28, após reunião com o presidente Michel Temer, que está tudo pronto para a votação da PEC do Teto. "Esperamos uma votação maior do que a do impeachment. Minha conta é entre 62 e 65 votos", disse, em referência ao placar que afastou Dilma Rousseff no Senado em agosto - com 61 votos. Também presente na reunião com líderes da base, o presidente do Democratas, José Agripino (RN), afirmou que os líderes asseguraram ao presidente mais de 60 votos.
Nesta terça-feira, 29, senadores devem votar em primeiro turno a Proposta de Emenda à Constituição que estabelece limites dos gastos públicos. A medida é a principal aposta do governo para tentar equilibrar as contas da União. O segundo turno, etapa final, deve ocorrer no próximo dia 13 de dezembro e a promulgação está prevista para 15 de dezembro.
A oposição vai agir junto a senadores que se dizem independentes e não estão fiéis na base do governo para tentar convencê-los a adiar a votação, ou até mesmo a votarem contra a proposta. Porém, segundo o senador Humberto Costa (PE), a tarefa não será fácil. "Eu creio que, dificilmente, o governo vai abrir mão e acredito que a base vai insistir nessa votação", afirmou.
Como se trata de uma PEC, o governo precisa de quórum qualificado, com no mínimo 49 dos 81 votos do Senado. "Vamos tentar derrotá-la. Vamos continuar a nossa luta para tentar impedir que essa proposta seja aprovada", disse Humberto.
Caso Geddel. Com receio de que os recentes episódios no Palácio do Planalto, que acabaram envolvendo Temer na crise do ex-ministro Geddel Vieira Lima, pudessem atrapalhar a votação, o governo preferiu manter os senadores próximos.
Na reunião da tarde desta segunda-feira com líderes da base, Temer buscou informações de como estão as articulações para se votar a proposta. "O presidente Michel Temer quis saber sobre mobilização para votação da PEC do Teto. Ele ficou tranquilo com as informações recebidas. Nós devemos aprovar amanhã, após um longa discussão no plenário, com uma boa margem", afirmou ao Estado o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), após a reunião.
Segundo o tucano, o fato de o governo estar sem um articulador neste momento de votações decisivas não foi tema de discussão no encontro. "A substituição de Geddel Vieira Lima não foi tratada", ressaltou Nunes.
Jucá também diminiu o peso do episódio e afirmou que "o Senado não tinha porque se abalar com essa questão", afirmou. "A oposição está dizendo que o clima está frio ou quente. Se estiver quente a gente bota um ar-condicionado, se frio a gente põe aquecedor, o clima está pronto", disse.
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