Governo Lula quer preservar discussão sobre corte de gastos após explosões em Brasília

Governistas condenam atentado e oposição tenta isolar episódio, mas os dois lados concordam que ataque não atrapalha agenda econômica

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Atualização:

BRASÍLIA – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer preservar a discussão sobre o pacote de corte de gastos após o ataque à Praça dos Três Poderes, em Brasília, na noite de quarta-feira, 13. Integrantes da equipe econômica reforçam nos bastidores que o episódio não interfere no andamento das negociações para a apresentação das medidas. Antes do atentado, a expectativa já era de que as propostas fossem apresentadas depois da participação de Lula na cúpula do G-20, na próxima semana.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Foto: Wilton Junior/Estadão

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Apesar da tentativa de blindar o pacote de ajuste fiscal, integrantes do governo são firmes em condenar o ataque e insistem que as explosões que ocorreram em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e nas proximidades de um anexo da Câmara dos Deputados, seguidas da morte do homem responsável, não são um fato isolado.

A Polícia Federal abriu uma investigação por ato terrorista. Nesse sentido, o fato é classifica como um problema com repercussões para a segurança dos Três Poderes, e não para agenda econômica do governo.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou ao Estadão que o ataque não terá efeitos no andamento do pacote. Na rede social X, ela condenou o episódio.

“No ataque à democracia, os ‘lobos’ nunca são solitários. Há, sempre, um ‘apito’ a encorajá-los. O que aconteceu ontem na Praça dos Três Poderes foi mais um sinal de alerta de que, enquanto permanecerem esses ‘apitos’, a luta democrática não permite qualquer tipo de trégua”, escreveu Tebet.

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No Ministério da Fazenda, a percepção é de que o atentado terá pouco impacto sobre as discussões que envolvem o pacote de cortes de gastos e a tramitação da reforma tributária. A agenda do ministro Fernando Haddad nesta quinta-feira foi mantida, com viagem a São Paulo, entrevista a uma emissora de televisão e reunião no fim da tarde para discutir os impactos da reforma tributária no setor imobiliário. Haddad não se pronunciou sobre o ataque em Brasília.

No momento das explosões, a Câmara discutia uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia a imunidade tributária para igrejas e o Senado votava um projeto para liberar as emendas parlamentares, suspensas por decisão do STF. As duas pautas possuem relação com a agenda econômica, pois têm impacto fiscal na arrecadação e nos gastos do governo.

O Congresso suspendeu as atividades, mas deve voltar com as discussões e votações na próxima segunda-feira, 18. Na quarta, antes das explosões, Haddad se reuniu com o ministro da Defesa, José Lúcio Monteiro, e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) para discutir as propostas. O presidente Lula, por sua vez, recebeu o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas o corte de gastos ficou em segundo plano.

Na oposição, há a tentativa de isolar o ataque e preservar pautas de interesse de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como a anistia aos condenados do 8 de janeiro. O líder da oposição na Câmara, deputado Filipe Barros (PL-PR), afirmou que não se pode vincular Bolsonaro e a direita brasileira ao episódio. “Essa manobra rasteira tem o claro objetivo de atrapalhar o andamento do PL da Anistia – que será um passo crucial para a pacificação nacional.”

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse ao Estadão que as explosões em Brasília não podem atrapalhar a agenda do Congresso e o corte de gastos do governo.

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“O ato isolado de um desequilibrado é o que é: um absurdo. Mas daí a extrapolar uma atitude mentecapta de um indivíduo para dar contornos institucionais a esse incidente abominável é dizer que nossa democracia não é sólida e resiliente como ela é”, afirmou o parlamentar no X.