Governo anuncia MP para conceder reajuste salarial a servidores; impacto será de R$ 17,9 bi em 2025

Medida provisória formaliza 38 acordos já firmados ao longo de 2024 e consolida novos valores para 2025 e 2026; reajuste médio será de 27% no 3º mandato de Lula

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Foto do author Giordanna Neves

BRASÍLIA - A ministra do Ministério da Gestão e Inovação (MGI), Esther Dweck, anunciou nesta segunda-feira, 30, a edição de uma medida provisória (MP) para conceder reajuste salarial para servidores federais até 2026 e estabelece uma reestruturação de carreiras no funcionalismo público. A MP será enviada nesta terça-feira, 31, ao Congresso Nacional.

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A MP formaliza 38 acordos firmados com as carreiras civis do funcionalismo federal ao longo de 2024 e consolida os novos salários para 2025 e 2026, abrangendo 100% dos servidores ativos, aposentados e pensionistas da União.

Os reajustes serão feitos em duas etapas: janeiro de 2025 e abril de 2026, com porcentuais que variam conforme as carreiras. No ano que vem, os novos salários serão pagos apenas após a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA), que ficou pendente.

O impacto orçamentário dos reajustes em 2025, já previstos no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), é de R$ 17,9 bilhões, com R$ 16,2 bilhões de impacto no resultado primário (saldo entre receitas e despesas, sem contar os juros da dívida). Já em 2026, será de R$ 8,5 bilhões. Os valores consideram cargos efetivos e comissionados, funções e gratificações.

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O reajuste médio acumulado será de 27% entre 2023 e 2026 - incluindo os 9% garantidos no ano passado. Em 2024, não houve reajuste.

Ministra Esther Dweck anunciou MP para reestruturar carreiras de servidores públicos Foto: Wilton Junior/Estadão

Apesar dos aumentos salariais, o MGI aponta que o gasto com pessoal atingirá 2,56% do PIB em 2025 e 2,58% do PIB em 2026. Segundo a pasta, os níveis estão abaixo do patamar atingido em 2022, que foi de 2,70%. Em 2023, o porcentual foi de 2,61% e de 2,44% em 2024, de acordo com as estimativas divulgadas pelo ministério.

Reestruturação

Além dos reajustes, a MP propõe também um alongamento das estruturas das carreiras como forma de ampliar o tempo em que os funcionários atingem o topo da carreira. Pela proposta, 86% das carreiras terão agora 20 níveis distintos de progressão – antes, o porcentual era de 30%.

A medida estabelece ainda um reajuste nos salários de cargos e funções de alta liderança. Hoje, por exemplo, secretário executivo de ministério e o presidente do Banco Central recebem 42,92% da remuneração de ministro de Estado. Em 2026, essa correlação será de 68,84%. Já para secretário nacional será de 60,27%; diretor, 43,84%; e coordenador-geral, 31,10%.

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A MP também transforma 14.989 cargos vagos e obsoletos em 15.670 cargos novos, “mais alinhados às necessidades atuais e futuras da administração pública”, diz o MGI. Segundo a pasta, a proposta não gera impacto orçamentário. Do total de vagas criadas, 70% destinam-se à área de educação, especialmente aos institutos federais.

Outros 11% destinam-se às duas novas carreiras transversais da administração pública federal que estão sendo criadas pela MP: “Carreira de Desenvolvimento das Políticas de Justiça e Defesa” e “Carreira de Desenvolvimento Socioeconômico”. Serão 750 cargos para cada, com remuneração entre R$ 9.711,00 (inicial) a R$ 21.070,00 (final). A expectativa é de que em 2025 seja realizado um concurso para essas novas carreiras, com oferta de menos da metade das vagas disponíveis.

“Trata-se da primeira carreira civil estruturada a ocupar o Ministério da Defesa e o Gabinete de Segurança Institucional, cujos servidores também poderão atuar em outros Ministérios com políticas afetas às áreas de justiça, defesa e segurança”, explicou o ministério em nota.

Avaliação de desempenho

A medida provisória estabelece ainda novos mecanismos de avaliação de desempenho dos servidores e aperfeiçoa o Sistema de Desenvolvimento de Carreiras (Sidec), composto por critérios a serem pontuados para a progressão e a promoção.

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A MP prevê um rol de critérios, como resultados obtidos em avaliação de desempenho individual; frequência e aproveitamento em atividades de capacitação; titulação; ocupação de funções de confiança; tempo de efetivo exercício no cargo e exercício em unidades de lotação prioritárias.

Além desses, outros fatores poderão ser sugeridos pelos órgãos e carreiras por decretos específicos em cada caso. De acordo com a ministra, como forma de incentivar a adesão, servidores de carreira com 20 níveis, por exemplo, e que tiveram desempenho excepcional, vão poder acelerar a progressão se for adotada a proposta de ampliar os critérios de avaliação.

Cargos de educação

A MP também reestrutura cargos do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE). Serão criados, por transformação, sem aumento de despesa: 6.060 cargos de Analista em Educação; e 4.040 cargos de Técnico em Educação.

A MP ainda permite que, no futuro, quando ficarem vagos, os cargos atualmente ocupados e com provimento vedado sejam transformados em 9.340 novos cargos de Analista em Educação (nível superior) e 6.226 novos cargos de Técnico em Educação (nível médio).

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