Governo negocia modelo ‘minimalista’ do JCP para aprovar medida ainda neste ano

Em vez de dar fim à dedutibilidade como um todo, equipe econômica vai enviar um modelo mais restrito, a fim de combater apenas o que avalia como fraude

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Atualização:

BRASÍLIA - Na corrida contra o tempo para aprovar uma série de projetos arrecadatórios ainda neste ano, o governo vai simplificar a proposta de mudança nos Juros sobre Capital Próprio (JCP), um tipo de remuneração feita pelas grandes empresas aos seus acionistas.

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Em vez de dar fim ao JCP, ou seja, acabar com a dedutibilidade (possibilidade de as companhias abaterem o essa remuneração dos tributos devidos) como um todo, o governo vai enviar um modelo mais restrito, a fim de combater apenas o que avalia como fraude.

O novo modelo será um JCP “minimalista”, afirmou ao Estadão um integrante da área econômica. A proposta vai versar sobre os itens que podem ou não ser incluídos no patrimônio das empresas, a fim de acabar com casos claros de abuso.

Haddad negocia medidas arrecadatórias com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Foto: Wilton Junior/Estadão

O JCP é um instrumento usado por grandes companhias para remunerar acionistas. Ele permite que essa remuneração seja enquadrada como despesa – e, assim, abatida do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

O foco do governo ao mirar nesse instrumento é atacar o planejamento tributário agressivo feito por empresas de grande porte da chamada economia real para pagar menos tributos. A equipe econômica argumenta que o uso do mecanismo foi desvirtuado e deve ser extinto.

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O fim da dedutibilidade do JCP renderia à Fazenda R$ 10,5 bilhões em 2024 - uma das apostas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a arrecadação e perseguir a meta de zerar o déficit das contas públicas no próximo ano. O novo modelo, portanto, renderia uma cifra menor aos cofres públicos - que ainda não foi calculada.

O governo ainda estuda incluir a mudança no JCP na medida provisória da subvenção do ICMS, como mostrou o Estadão/Broadcast. Segundo fontes próximas à negociação, porém, a grande prioridade da Fazenda e da Câmara é “acertar o mérito”, ou seja, o conteúdo da proposta. Uma vez que isso esteja acordado com os líderes, a proposta avança, independentemente do formato.

O governo já tentou incluir a mudança do JCP na tributação de fundos dos super-ricos (exclusivos e offshore), no relatório do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ). A proposta acordada com o deputado era um modelo similar ao europeu, com o uso do ACE (Allowance for Corporate Equity, na sigla em inglês).

Trata-se de um meio-termo entre o modelo atual e o fim da dedutibilidade, uma vez que sua fórmula de cálculo procura favorecer o capital que foi investido nas empresas, mas estabelecendo também limites para o seu uso, a fim de evitar abusos. O secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, chegou a afirmar que o modelo europeu seria o “mais apropriado”, por não descapitalizar as empresas.

O modelo, porém, enfrentou resistências, sobretudo do financeiro, que alegou que não conseguiria implementar a mudança já em 2024, mas apenas em meados de 2025 e 2026, segundo apurou o Estadão. Como não houve acordo, a alteração no JCP não entrou no texto dos fundos.

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