SÃO PAULO E BRASÍLIA – Os grandes bancos privados querem apertar as regras de contribuição ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) – uma espécie de seguro para socorrer clientes de bancos em caso de quebra – por instituições mais expostas. A proposta foi formulada antes da oferta de compra do Banco Master pelo BRB, vista nos bastidores do setor como um resgate da instituição comandada por Daniel Vorcaro pelo banco estatal do DF.
Segundo apurou a reportagem junto a interlocutores que falaram reservadamente, os grandes bancos solicitam ao Banco Central que caia de 75% para 50% o volume de captação garantida pelo FGC que obriga uma instituição a fazer contribuições adicionais ao Fundo.

Além disso, os bancos querem aumentar a alíquota adicional de 0,01% dos depósitos garantidos pelo FGC para 0,10% do total. As informações foram antecipadas pela Folha de S.Paulo e confirmadas pelo Estadão/Broadcast.
O FGC recebe contribuições de todas as instituições financeiras, mas os maiores contribuidores são os grandes bancos do País e oferece uma garantia até R$ 250 mil por CPF e por instituição bancária. Nos últimos anos, porém, cresceu o incômodo dessas instituições com o que consideram um uso indevido da chancela do FGC a determinados investimentos.
Produtos do Master comprometeriam quase metade do FGC
Como mostrou o Estadão, o principal produto do Master, os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) lançados a juros bem acima do que o mercado oferece para captar recursos – chegando a 140% do CDI –, consumiria quase metade do patrimônio líquido do FGC em caso de quebra do banco.
Executivos do setor afirmam nos bastidores que a garantia do FGC tem sido utilizada para tornar mais atrativos ao pequeno investidor papéis de bancos nos quais ele provavelmente não teria uma conta corrente, devido ao baixo conhecimento sobre a instituição.
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A demanda de contribuição adicional por parte dos bancos menores é antiga, mas os grandes bancos formularam as novas propostas em fevereiro deste ano. O tema ainda não é de conhecimento amplo no setor, e instituições de pequeno e médio portes ainda não tiveram acesso à proposta completa.
Um executivo de um banco que não faz parte do grupo que formulou a proposta considera que seria prejudicial à competitividade do setor. Na visão dele, dada ao Estadão/Broadcast reservadamente, um aperto como o demandado pelos bancos restringiria a competitividade das plataformas digitais, que também emitem papéis como os CDBs, e dependem mais deles para obter depósitos que os grandes bancos.
Outro executivo comentou, também sob a condição de reserva, que mesmo entre os médios e pequenos bancos não há consenso entre as mudanças no FGC.