Após recusar nova proposta apresentada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e decidir por manter a greve, o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) continuou com as paralisações nos aeroportos do País na manhã desta sexta-feira, 23, impactando voos.
Por volta das 13h50, os painéis de voos dos nove aeroportos nos quais estavam previstas paralisações registravam atrasos em Santos Dumont (Rio; 2 voos), Porto Alegre (1 voo) e Rio-Galeão (Rio; 2 voos), além de voos cancelados em Congonhas (São Paulo; 4 voos), Santos Dumont (2 voos), Porto Alegre (2 voos) e Confins (Belo Horizonte; 3 voos). Os Aeroportos de Brasília, Fortaleza, Guarulhos (São Paulo) e Viracopos (Campinas-SP) não registravam atrasos ou cancelamentos.
Parte dos tripulantes cruzam os braços por duas horas diariamente desde segunda-feira, sempre das 6h às 8h, para reivindicar aumento real dos salários e melhores condições de descanso. Por conta da greve, a orientação dos aeroportos é que os passageiros entrem em contato com as companhias aéreas para confirmar o status dos voos.
A Infraero informou que, até às 9h da manhã, Congonhas registrou oito voos atrasados e quatro voos cancelados, enquanto o Santos Dumont registrou cinco voos atrasados, sem voos cancelados. A estatal destaca que nem todos têm relação com a paralisação dos aeronautas.
A GRU Airport, concessionária que administra o Aeroporto de Guarulhos, afirmou que por volta das 9h havia registro de três voos que operaram com atraso no aeroporto e nenhum voo cancelado.
O Aeroporto de Brasília divulgou que, das 6h às 10h, 16 voos atrasaram e nenhum foi cancelado.
A Fraport Brasil, que administra dois dos aeroportos em que estavam previstas paralisações, afirmou que não houve atrasos ou cancelamentos pela manhã no Aeroporto de Fortaleza; já o Aeroporto de Porto Alegre registrou dois atrasos.
O Aeroporto Viracopos informou que teve um voo com atraso devido à greve; outros dois voos de chegada foram cancelados por motivos operacionais das companhias aéreas, sem relação com a paralisação dos tripulantes.
O Rio-Galeão afirmou que não registrou nenhum atraso ou cancelamento de voos por causa da greve na manhã desta sexta-feira. A reportagem não obteve retorno do BH Airport, que administra o Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte.
Demandas
A nova proposta recusada pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) previa reposição de 100% da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mais aumento real de 1%. Por determinação do TST, a greve pode atingir somente 10% dos funcionários das empresas. O sindicato afirma que a determinação está sendo cumprida e o movimento ocorre dentro da legalidade.
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O SNA aponta que decidiu pela greve “tendo em vista os altos preços das passagens aéreas que têm gerado crescentes lucros para as empresas”. A categoria também reivindica que as empresas “respeitem os horários de início e de término das folgas e que não programem jornadas de trabalho de mais de três horas em solo entre duas etapas de voo”.
O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) alega que o preço das passagens aéreas foi fortemente impactado por conta da pandemia e que houve aumento dos custos para as companhias - as quais, segundo o sindicato patronal, acumulam prejuízo.
Em nota divulgada nesta sexta-feira, 23, o SNEA destaca que a mais recente proposta do TST é a terceira proposta negada pelos tripulantes, sendo que a primeira foi apresentada pelo SNEA ainda no âmbito da negociação sindical.
O sindicato patronal das companhias aéreas ainda enfatiza que realiza negociações com o SNA desde outubro, “para preservar os direitos dos tripulantes, estendendo a validade da CCT vigente até o fim das negociações, e garantir as viagens aéreas dos passageiros”, e que acatou a primeira proposta de mediação elaborada pelo TST, apresentada no último fim de semana, que também foi rejeitada pelo SNA.
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