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Grupo de notáveis propõe licença limitada para gastar e nova proteção social ao próximo governo

Documento de grupo que se diz apartidário inclui novo programa de proteção social, com substituição do Auxílio Brasil, reforma do Estado e licença temporária para gastar

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Foto do author Adriana Fernandes

BRASÍLIA - Preocupado com os riscos à democracia e ao desenvolvimento do Brasil e a dois meses das eleições, um grupo de especialistas renomados do País divulga nesta sexta-feira, 5, documento com propostas para o próximo governo.

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Batizado de “Contribuições para um governo democrático e progressista”, o texto de 68 páginas abarca um leque amplo de sugestões, como a criação de um programa para ampliação temporária de despesas fora do teto de gastos e de uma nova rede de proteção aos mais vulneráveis, em substituição ao Auxílio Brasil.

O “Grupo dos Seis”, como vem sendo chamado, é formado pelos economistas Bernard Appy, Pérsio Arida, Francisco Gaetani e Marcelo Medeiros, pelo advogado Carlos Ari Sundfeld e pelo cientista político Sérgio Fausto.

O trabalho começou há mais de um ano, mas está sendo divulgado no momento em que empresários e personalidades de diversas áreas da sociedade civil se unem em torno de uma carta aberta em defesa da manutenção da democracia, em reação a ataques do presidente Jair Bolsonaro ao processo eleitoral.

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As propostas, feitas por iniciativa própria e sem vinculação com entidades, já foram apresentadas aos candidatos à Presidência, menos a Bolsonaro – criticado pelo pacote de medidas às vésperas das eleições.

A pretensão do grupo, que se classifica como apartidário, não é apresentar um programa de governo completo, mas contribuições em cinco grandes eixos, além do programa especial do gasto para vigorar enquanto não entrar em vigor um novo regime fiscal.

Para o grupo, o Brasil está submetido a um governo sem princípios e sem competência, que produz retrocessos institucionais “deliberados e compromete gravemente o futuro do país”.

Bernard Appy, do Centro de Cidadania Fiscal, é um dos economistas que assina o documento; ele afirma que propostas são para um governo comprometido com a democracia Foto: Gabriela Biló/Estadão - 17/7/2019

Ao Estadão, Bernard Appy contou que o documento é um posicionamento político para todos os candidatos que estejam comprometidos com a democracia: “Não é uma coisa de última hora. Estamos fazendo desde o primeiro semestre do ano passado”.

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A ideia inicial era fazer um documento amplo com a participação de especialistas de várias áreas. Mas, depois, o que acabou prevalecendo foi a proposta de reunir um grupo menor com o aprofundamento das propostas. “Todos os autores do governo tem uma compreensão que o pressuposto é que o governo seja comprometido com o estado democrático de direito”, disse Appy.

Um dos mais reconhecidos pesquisadores na área de políticas para o combate da desigualdade social, Marcelo Medeiros destacou que as propostas são interconectadas, mas podem ser implementadas independentemente. “Não precisa de uma para levar a outra adiante”, diz ele, que trabalhou mais detalhadamente no desenho das medidas para substituição do Auxílio Brasil.

Segundo Medeiros, a proposta é muito maior do que simplesmente substituir o Auxílio Brasil. “É mudar o desenho da proteção social do País e incluir a massa de trabalhadores informais que estão alijadas”, explicou o pesquisador da universidade norte-americana de Columbia.

As medidas para o combate à pobreza são consideradas ponto central aliadas à garantia da sustentabilidade no uso dos recursos naturais com a melhoria do ritmo e da qualidade do crescimento econômico por meio das reformas necessárias. Todas as contribuições são embasadas na necessidade de um novo desenvolvimento na direção de uma “economia verde”.

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“O Brasil também precisa de transformações e, portanto, de reformas. Só haverá desenvolvimento se for eliminada a pobreza extrema”, diz o documento, disponível na página da Sociedade Brasileira de Direito Público.

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