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Guedes diz que Brasil ouve 'alertas' dos EUA sobre adoção de tecnologia chinesa do 5G

No entanto, ministro da Economia falou que ainda não há uma decisão definitiva; secretário de Estado americano afirmou que recebeu notícias de que o Brasil apoia os princípios do plano do governo dos Estados Unidos sobre as redes 5G

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BRASÍLIA e SÃO PAULO – O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira, 10, que o Brasil ainda não tem uma decisão tomada sobre o veto ou a liberação de tecnologia chinesa nas redes de 5G, cujo leilão de espectro é esperado para 2021. Ele admitiu, porém, que o governo leva em consideração os alertas de países como os Estados Unidos e o Reino Unido, que barraram empresas como a Huawei na tecnologia de telefonia e internet móvel de quinta geração.

“O Reino Unido impediu os chineses no centro do sistema de 5G, mas permitiu que as empresas chinesas atuassem na periferia das redes. Estávamos indo nessa direção antes da pandemia. Não queremos perder a revolução digital, mas há esses alertas geopolíticos. No momento, ainda estamos analisando e estudando essa questão”, afirmou, em participação virtual no Bloomberg Emerging + Frontier Forum 2020.

Guedesdisse que o Brasil ainda não tem uma decisão tomada sobre a tecnologia chinesa, porémadmitiu que o governo leva em consideraçãoalertas de países. Foto: Washington da Costa/Ministério da Economia

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O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou também nesta terça que recebeu notícias de que o Brasil apoia os princípios do plano do governo dos Estados Unidos sobre redes 5G. Batizado de Clean Network (em português, redes limpas), o plano deixa a chinesa Huawei de fora da estrutura de redes de tecnologia 5G.

O subsecretário de Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente do Departamento de Estado americano, Keith Krach, está no Brasil nesta semana. Pompeo disse ter conversado com ele nesta terça e recebido novidades. "Tive notícias dele nas últimas horas de que o governo brasileiro apoia os princípios do Clean Network e estou confiante de que vamos assinar um memorando de entendimento no futuro próximo. Quero agradecer o Brasil e seus líderes por fazerem isso", afirmou o secretário de Estado.

Ele não deixou claro o que a manifestação de apoio do governo brasileiro significa e nem se há um compromisso em deixar a chinesa Huawei de fora do leilão de frequências de 5G, previsto para o ano que vem. 

O governo do presidente Donald Trump chegou a fazer pressão direta sobre as autoridades brasileiras pela proibição total à participação dos chineses, alegando falhas na segurança de dados que poderia abrir portas a espionagem pelo país asiático, que nega essas acusações.

“Sempre dissemos que iríamos dançar com todo mundo. Os Estados Unidos e a China sempre dançaram juntos e agora brigaram. Eles podem brigar entre si, mas vamos dançar com todos”, disse Paulo Guedes.

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Joe Biden

Embora o governo brasileiro até agora não tenha feito nenhum comentário oficial sobre a eleição de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos, Paulo Guedes disse não esperar problemas com o novo governo americano – ao ser questionado em evento internacional.

Após ser perguntado se a relação próxima entre o presidente Jair Bolsonaro e Donald Trump pode afetar as relações com o futuro governo Biden, Guedes lembrou que o Brasil e os Estados Unidos são duas democracias liberais e citou os quase 60 milhões de votos recebidos por Bolsonaro na eleição de 2018.

“As visões de Bolsonaro devem ser respeitadas assim como as de Biden. Se confirmada eleição de Biden, não devemos ter problema algum. Não é uma personalidade aqui o nos Estados Unidos que vai afetar relação entre os países”, respondeu.

Mais uma vez questionado sobre a política ambiental do governo Bolsonaro e como ela pode ser atacada por um governo do partido Democrata nos Estados Unidos, Guedes repetiu o argumento de que os críticos da atuação brasileira estariam “desinformados”.

“Quando falamos da Amazônia, falamos de soberania nacional. Há muito tráfico ilegal de drogas, armamentos e desmatamento ilegal, e é claro que nós somos contra isso. Mas precisamos de ajuda para preservar a floresta adequadamente”, reiterou

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