PUBLICIDADE

Publicidade

Plano Real foi a ‘reforma das reformas’ no Brasil, diz Gustavo Franco, ex-presidente do BC

Economista participou da elaboração da medida na década de 90, que completa 30 anos em 2024

Foto do author Cícero Cotrim

PORTO ALEGRE - O Plano Real, que completa três décadas este ano, foi a “reforma das reformas” no Brasil. A avaliação é do ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, que participou do desenho da medida na década de 1990. Para ele, ao vencer a hiperinflação, a nova moeda criou para a sociedade a ideia de que reformas são o caminho para o desenvolvimento econômico.

PUBLICIDADE

“É uma espécie de testemunha da vitória sobre a hiperinflação: hoje em dia, não se usa mais a palavra ‘desenvolvimento’ para falar de progresso, se usa a palavra ‘reforma’”, disse Franco, que participa de um painel no Fórum da Liberdade, que acontece entre quinta e sexta-feira, em Porto Alegre (RS).

O ex-BC lembrou que o Brasil chegou a ter cinco notas diferentes no valor de mil, no período em que passou por moedas como o cruzeiro, o cruzado e o cruzeiro real - um processo que comparou com a hiperinflação durante a República de Weimar, na Alemanha, na década de 1920. Isso, disse ele, mostrou a falência de um modelo de crescimento econômico baseado em despesas do governo.

O economista Gustavo Franco foi presidente do BC e participou da elaboração do Plano Real Foto: Fabio Motta/Estadão.

“O significado que é importante ter em mente é que essa era a ‘prova provada’ do fracasso de um modelo de desenvolvimento baseado na ideia de gasto público como motor do desenvolvimento, e inflação, pintura de papel, como maneira aceitável de financiar o gasto”, afirmou.

Ele aproveitou para lembrar da oposição do PT à implementação do Plano Real. “Teve muita gente que foi contra. O atual governo, o Partido dos Trabalhadores, foi contra cada etapa deste caminho”, disse o economista. Ele completou que o desenho de instituições robustas foi parte do que permitiu a sobrevivência do Plano Real.

Gustavo Fraco afirma que o Brasil tem feito progressos institucionais visíveis, mas incrementais, numa velocidade menor do que a ideal. A avaliação dele é que novos avanços, como uma mudança nas regras sobre o orçamento público, são necessários.

“Acho que talvez nós tenhamos sido otimistas demais lá no começo do real, achando que, uma vez estabelecido o vírus da responsabilidade fiscal com a lei de 2000 (a Lei de Responsabilidade Fiscal), isso seria suficiente para que as instituições e práticas pertinentes ao fiscal se organizassem”, disse.

Publicidade

Franco relatou ter sido crítico da LRF na época da elaboração da norma. Ele disse que falta ao País uma norma que “ataque o patrimonialismo” no orçamento público, e criticou a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional.

“Os progressos institucionais são visíveis, mas bem menos do que eu gostaria de ver”, disse.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.