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O Futuro dos Negócios

Opinião | Novas carreiras para novos tempos

Nenhum setor passará ileso pelas mudanças impostas pela Inteligência Artificial

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Foto do author Guy  Perelmuter
Atualização:

Quando o assunto é o futuro do trabalho, não há escassez de pontos de vista: alguns acham que o advento da Inteligência Artificial irá causar o gradual fim da empregabilidade dos seres humanos, que deverão ser em sua maioria sustentados por algum programa de renda universal mínima; outros acreditam que seremos simples acessórios de máquinas com capacidade de processamento e memória incomparavelmente maiores que as nossas; há quem acredite em um modelo harmonioso e colaborativo com as máquinas; e também existem vozes que sugerem uma expansão de carreiras e empregos, em linha com a lógica do paradoxo de Jevons (que estabelece que, quando recursos se tornam mais abundantes e acessíveis, a demanda por eles acaba aumentando).

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Qualquer que seja o cenário que efetivamente ocorra, o futuro dos negócios de qualquer empresa depende de uma leitura adequada dos sinais obtidos do mercado para que seja possível construir um posicionamento relevante em um ambiente competitivo que continuará em constante evolução. Em nossas últimas colunas, falamos sobre carreiras ligadas à infraestrutura necessária para que a Inteligência Artificial funcione de forma segura, robusta e confiável — até porque, qualquer que seja a realidade do mercado de trabalho, a presença da IA será progressivamente inevitável.

Conforme falamos aqui, o futuro deve apresentar oportunidades não apenas para profissionais de tecnologia dedicados a trabalhar nos diversos aspectos dos sistemas de IA (segurança, robustez, arquitetura, eficiência) quanto para profissionais especializados em setores específicos (como saúde, educação, telecomunicações, alimentos, agricultura, manufatura, aviação, financeiro, e assim por diante). As potenciais novas carreiras em múltiplos setores da economia desafiam a imaginação, mas já podemos vislumbrar algumas delas.

Inteligência Artificial deve gerar empregos especializados em utilizá-la  Foto: Rayner Peña / EFE

Vamos começar com alguns exemplos dentro do setor de saúde. Se considerarmos os gastos típicos que governos ao redor do mundo têm neste segmento (entre 5% e 10% de seus respectivos PIBs), é razoável estimar que o setor vale entre US$5 e US$10 trilhões. Melhorias na infraestrutura de telecomunicações, a convergência de imagens e dados, mensurados por sensores e equipamentos cada vez mais precisos e acessíveis, e o surgimento de especializações como proteômica (análise da estrutura e a função das proteínas encontradas em uma célula), metabolômica (comportamento das enzimas), genômica (funcionamento das instruções genéticas fornecidas pelo DNA) e transcriptômica (estudo das moléculas de RNA de uma célula), criam oportunidades para novos perfis de profissionais na área da saúde.

O cientista de dados de saúde pode trabalhar tanto com informações dos pacientes quanto de sistemas hospitalares ou laboratoriais. No primeiro caso, trata-se de alguém capaz de analisar e interpretar múltiplos tipos de dados, oriundos de exames clínicos e de imagens; no segundo, de alguém capaz de melhorar os fluxos operacionais de internação, cirurgias, atendimentos ambulatoriais e outros processos. Já a coordenação de telessaúde é responsável por organizar e garantir a qualidade dos atendimentos realizados à distância — uma realidade que começou a se apresentar de forma concreta durante a pandemia da COVID-19 entre 2020 e 2022.

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A engenharia robótica aplicada à medicina já possui diversos exemplos de sucesso em uso diariamente, auxiliando cirurgiões a realizar procedimentos de forma menos invasiva, mais segura e eventualmente de forma remota. O projeto e o desenvolvimento destes robôs exige uma combinação multidisciplinar de habilidades e conhecimentos. E engenheiros biomédicos projetam e desenvolvem novos equipamentos para as áreas de diagnósticos, terapias e desenvolvimento de novas drogas — um dos campos com perspectivas extremamente positivas dentro do setor.

Em nossa próxima coluna iremos continuar a discutir o tema, abordando o setor de educação. Até lá.

Opinião por Guy Perelmuter

Fundador da Grids Capital e autor do livro "Futuro Presente - O mundo movido à tecnologia", vencedor do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Ciências. É engenheiro de computação e mestre em inteligência artificial

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