RIO - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira, 25, que a aclamação de um documento sobre tributação internacional dos chamados super-ricos, paralelo ao comunicado do G20, é uma “conquista ética” que não pode ser desmerecida.
Haddad demonstrou a jornalistas insatisfação, primeiro, com o ceticismo quanto à capacidade da diplomacia brasileira de amarrar um documento sobre o assunto acordado por todos os países e, agora que o texto foi aprovado, o fato de ser diminuído.
“É uma conquista de natureza moral. Buscar justiça tributária, evitar evasão fiscal, reconhecer que há práticas inaceitáveis em um mundo com tantas desigualdades e desafios. É preciso reconhecer que esse tema é importante. Não pensem que isso é pouco”, disse Haddad.
“Todas as pessoas que me consultaram diziam que não iria sair a declaração. E aí, quando sai, é pouco o que saiu. A construção de um mundo melhor é trabalhosa. Se não fosse, já teríamos um mundo mais agradável que o atual. O Brasil não se furtou a ousar na presidência do G20. E, contra todo o ceticismo do início do ano, temos um primeiro passo com a concordância dos países do G20″, continuou.
Haddad disse que o problema não é o tempo que o mundo vai demorar a tomar uma decisão consequente na área, mas sim o “caminho escolhido pela humanidade”.
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A declaração assinada pela presidência brasileira do G20, contemplando a taxação dos super-ricos, será divulgada nesta sexta-feira, 26, afirmou o ministro, após a reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do grupo das 20 maiores economias do mundo, que acontece no Rio de Janeiro. “Uma declaração tributária foi aplaudida e será divulgada amanhã (sexta)”, disse.
Segundo Haddad, a declaração dos membros do G20 sobre a cooperação tributária já é de conhecimento de todos os ministros e foi “aclamada”. Ele disse, porém, que ninguém quer divulgar um documento que ainda pode passar por revisão de ordem técnica ou de redação.
“Amanhã (sexta) terão acesso a todos os documentos dessa reunião. E a declaração do Rio de Janeiro de tributação internacional acaba de ser aclamada na última reunião.” Além do documento tributário, também estão previstas as divulgações do comunicado do grupo, o que não acontecia desde o início da guerra na Ucrânia, e uma declaração da presidência brasileira sobre a questão geopolítica, justamente por conta de divergências sobre como abordar o conflito.
Haddad disse também que todos os participantes do grupo enfatizaram a liderança do Brasil no grupo e reconheceram a importância da colaboração tributária. “Há preocupações, ressalvas, preferências por outras soluções. Mas, ao final, todos concordamos que era preciso fazer constar essa proposta, para que, mesmo quando o Brasil deixar a presidência (do G20), esse assunto (tributação dos super-ricos) não perca importância.” A taxação de super ricos vem sendo defendida pela presidência brasileira do G20 desde o ano passado.
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