BRASÍLIA - O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que o governo recuperou a confiança dos empresários e investidores. Em trechos de entrevista ao programa Canal Livre, divulgados pela Band, o ministro afirma que o País irá colher frutos da “política fiscalmente sustentável”, caso persevere neste caminho.
Especialistas em contas públicas, no entanto, veem com ceticismo o objetivo do governo de zerar o déficit em 2024. Para isso, a equipe econômica precisa levantar R$ 168 bilhões extras, por meio de medidas que dependem da aprovação do Congresso, sendo que muitas enfrentam a resistência dos parlamentares.
Além disso, economistas alertam que parte dos gastos estimados no Orçamento do próximo ano está subestimada, o que complica ainda mais a situação fiscal.
Na manhã deste domingo, 17, Haddad desembarcou em Nova York, nos Estados Unidos. Ele integra a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), e participa da semana do clima na cidade, um dos maiores eventos do mundo com foco no tema.
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O programa da Band, gravado na semana passada, vai ao ar às 20h deste domingo, 17, na BandNews TV e será reexibido na TV aberta a partir de meia-noite. Segundo a emissora, Haddad ponderou que o momento exige cuidado, pois há uma vigilância em relação a gastos, ao que se aprova no Congresso e o que se decide no Judiciário.
“Se a gente persevera nesse caminho, nós vamos colher os frutos dessa política fiscalmente sustentável. O juro vai cair e os empresários estão ávidos para investir no Brasil”, disse. Em um dos trechos, o ministro afirma que é o momento de escolher setores para fazer parcerias e trazer empresas para o País, garantindo também transferências de tecnologias.
Durante a entrevista, de acordo com texto divulgado pela emissora, Haddad falou sobre a meta do governo de zerar o déficit em 2024, as discussões em torno da reforma tributária que tramita no Senado, a qual ele classificou como “imprescindível” para aumento da produtividade, a aprovação do novo arcabouço fiscal e iniciativas ligadas à economia verde, que vêm sendo tratadas pelo governo.
Em relação à agenda econômica do primeiro semestre, o ministro avalia que foi 100% cumprida. “Essas pontes que nós estamos construindo desde o começo do ano são técnicas. Ninguém aqui está fazendo barganha, nem pressão. Nós estamos querendo criar com o Congresso, com o Judiciário e o Banco Central, cada um no seu papel, uma interlocução de alto nível. Eu penso que isso está produzindo efeitos concretos. A nossa agenda do primeiro semestre foi 100% cumprida. Agora, nós temos a agenda do segundo semestre”, disse
O ministro falou ainda sobre as expectativas de manutenção da trajetória de queda nos juros. “O BC deixou claro que há espaço e que vai, até o final do ano, promover cortes, sempre com a cautela devida, porque ninguém quer brincar com a inflação. Todo mundo sabe que a inflação acaba respingando no bolso do trabalhador mais frágil.”
Margem Equatorial
O ministro também comentou a questão da exploração de petróleo e gás natural na Margem Equatorial, que se tornou uma disputa entre as áreas energética e ambiental do governo.
Questionado, afirmou que “temos de ter petróleo até que não precise mais dele” e que é necessário correr com outra agenda, sem perder de vista que a exploração na área pode ser necessária para o País.
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