Haddad diz que Fazenda não tem plano B para compensar desoneração: ‘Senado assumiu responsabilidade’

Ministro afirmou que colocará Receita Federal à disposição para tentar construir alternativa e que equipe econômica está preocupada por ter identificado fraudes e uso indevido da compensação de créditos de PIS/Cofins

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Foto do author Giordanna Neves
Atualização:

BRASÍLIA - Após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ter anunciado a devolução do trecho da medida provisória que limita o uso de créditos de PIS/Cofins, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 11, que a equipe econômica não tem um “plano B” para compensar a perda de arrecadação com a desoneração da folha de 17 setores e dos municípios este ano. Segundo ele, o Senado assumiu a responsabilidade de encontrar uma nova alternativa.

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“O Senado assumiu uma parte da responsabilidade por tentar construir uma solução (para compensação) pelo que entendi da fala do próprio presidente Pacheco. Mas vamos colocar toda equipe da Receita Federal à disposição do Senado para tentar construir alternativa, uma vez que tem prazo exíguo e que precisa encontrar uma solução”, afirmou.

Segundo ele, Pacheco discutiu na segunda-feira, 10, em audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a possibilidade de devolver a medida provisória. Nesta terça, antes do anúncio, o presidente do Senado também comunicou a decisão ao chefe do Executivo, segundo Haddad. Ele esclareceu que não foi cogitada a possibilidade de o próprio Executivo retirar a MP e reiterou a boa relação que tem com Pacheco e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Também disse que não houve qualquer tipo de incômodo por parte de Lula.

O ministro disse que a equipe econômica está preocupada por ter identificado fraudes e uso indevido da compensação de créditos de PIS/Cofins, como, por exemplo, casos em que contribuintes declaram no sistema um crédito que não possuem. Ele citou um impacto de R$ 25 bilhões às contas públicas em decorrência deste cenário e reiterou que é preciso dialogar com o Congresso para que os deputados e senadores tenham clareza sobre o quanto tem sido perdido em receitas. “Não vamos fazer nada antes de expor números aos parlamentares”, enfatizou.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Haddad negou que a proposta sobre as novas regras para a compensação de créditos de PIS/Cofins e o ressarcimento de crédito presumido dos impostos seja parte de uma agenda arrecadatória. Segundo ele, é um caminho para combate às fraudes e uma maneira de “botar ordem no sistema que perdeu funcionalidade”.

O ministro afirmou também que as propostas levantadas pelo Congresso, envolvendo, por exemplo, uma terceira edição da repatriação de recursos e jogos de azar, são “pouco” para compensar a desoneração. “Jogos de azar é coisa que vai render fruto daqui a três, quatro anos”, avaliou.

Haddad enfatizou ainda que o trecho mantido na MP, que prevê que empresas façam um cadastramento dos benefícios fiscais concedidos pelo governo, ajuda no combate ao uso indevido já que “obriga contribuintes a explicarem o que estão fazendo”. Ele também voltou a defender a necessidade de aprovar o projeto do devedor contumaz para responsabilizar criminalmente quem frauda de forma dolosa e frequente. O texto está parado no Congresso.