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Haddad: ‘Fogo amigo e inimigo diminuiu, e estou me sentindo menos na frigideira’

Ministro defende que governo cometa ‘menos erros’ e afirma que relação que construiu com o presidente da Câmara, Arthur Lira, é a volta da política com ‘P’ maiúsculo

Foto do author Fernanda Trisotto
Foto do author Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu nesta segunda-feira, 10, ser alvo de pressões e ataques frequentes pela projeção de seu cargo, mas afirmou que houve uma melhora na situação. Nas últimas semanas, ele obteve vitórias na Câmara com as aprovações da reforma tributária e do projeto de lei que retoma o chamado “voto de qualidade” no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

“O fogo amigo e inimigo diminuiu, e estou me sentindo menos na frigideira”, disse em entrevista ao podcast O Assunto. Durante o problema, ele chegou a tocar violão.

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Haddad afirmou que também sentiu a pressão do mercado, com comentários de que não estava preparado para a função. “Muita gente na Faria Lima dizia que eu não poderia ser ministro da Fazenda”, pontuou, acrescentando que são pessoas que “desconheciam seu trabalho”.

Por isso, o ministro defendeu que o segredo para um bom governo é cometer menos erros. “Vamos cometer erros, mas têm que ser pequenos”, disse.

Haddad durante entrevista com a jornalista Natuza Nery Foto: Diogo Zacarias / Ministério da Fazenda

Ele relatou que, entre dezembro e fevereiro, houve discussões intensas no Ministério da Fazenda sobre qual caminho seguir, e destacou haver muitas divergências internas no próprio PT. “O PT não é partido amorfo, está cheio de gente de opinião”, disse, lembrando que mantém diálogo com os correligionários.

Haddad disse manter uma relação de amizade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que extrapola o caminho estritamente técnico da pasta. Disse ainda que “dá a real” para Lula. “Dou a real, sempre. As audiências mais difíceis são as que têm decisões difíceis a serem tomadas com repercussões não desejáveis. Meu papel é me valer da experiência política do Lula. E ele tem um painel maior que o meu, que envolve todos os ministérios e partidos”, afirmou.

Política com ‘P’ maiúsculo

Na entrevista, Haddad afirmou que a relação que construiu com o Congresso, especialmente com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), é a volta da política com “P” maiúsculo para “produzir os melhores resultados”.

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“Eu nunca desrespeitei a institucionalidade da Câmara e Senado. A seriedade com que tratamos os assuntos gerou um ambiente de confiança”, disse.

Questionado sobre se sua relação com Lira se tornou uma ponte para o governo trafegar com mais facilidade pelo Legislativo, o ministro disse que vislumbrou a possibilidade de aproximar as pessoas.

“Eu não dou murro em ponta de faca, mas quando vejo que as pessoas querem conversar, se eu puder aproximá-las, eu faço”, disse.

Ele disse apostar que a marca do novo governo Lula será a questão socioambiental e reiterou que a apresentação do plano de transição ecológica agradou ao presidente Lula, como uma grande aposta do governo para o segundo semestre.

‘Não tenho problemas pessoais’

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O ministro também reiterou que não tem problema pessoal com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e que se preocupa com a situação dos juros e do mercado de crédito. Ele voltou a dizer que mantém um diálogo técnico com o dirigente do BC.

“Não gosto de fulanizar, não tenho problema pessoal com ninguém, nem posso ter, porque preciso tratar das coisas de forma institucional. Eu não me queixo de ninguém, levo argumentos para ter um ponto técnico”, disse.

Haddad disse que acompanha os indicadores de atividade econômica e é com base nisso que discute a situação dos juros. “Eu vejo um sinal preocupante nesse sentido que está na mesa de todo investidor brasileiro e estrangeiro. O próprio mercado financeiro está preocupado com a questão do crédito no Brasil. Ninguém quer a volta da inflação, mas isso não está no horizonte do Brasil”, disse.

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O ministro ponderou que o País está em cenário de inflação em queda e que, como a Selic não acompanha esta desaceleração e segue estável em 13,75% ao ano, o juro real não para de subir, o que está constrangendo a atividade e o crédito. Mais cedo, ele já havia sinalizado esperar a redução dos juros a partir de agosto e reiterou que mantém diálogo técnico e econômico entre autoridade fiscal e autoridade monetária.

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