O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o rotativo do cartão de crédito é o “maior problema de juro” no País hoje. Para resolver o problema, Haddad disse que o governo federal, os bancos e o varejo estão “sentados em uma mesa” para discutir uma solução, que será apresentada em até 90 dias.
“Você entra em uma roda viva da qual não consegue sair”, afirmou em entrevista ao programa “Bom dia, Ministro”. “Você tem um mecanismo que, se a parcela é paga em dia, você está salvo. Mas se tiver uma emergência qualquer, e estamos cheios de imprevistos na vida, e você não paga a parcela, você cai nesse juro absurdo. Como a pessoa vai pagar 400% ao ano? Não tem razoabilidade”, questionou.
Segundo o Banco Central, em junho, a taxa média cobrada pelos bancos no rotativo do cartão era de 437,3% ao ano.
Haddad disse que a ideia é solucionar o problema a partir de uma transição para um sistema “mais saudável” do que esse. “Desde que me conheço por gente, o problema do cartão de crédito é cruel no Brasil”, comentou.
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Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto afirmou que o governo quer aumentar a transparência sobre a taxa, com uma comunicação clara do problema para a população, que precisa entender o peso dos juros acima de 400% ao ano no orçamento familiar. A portabilidade da dívida do cartão (ou seja, poder migrar a dívida para um outro banco, que tenha uma taxa menor) também está em estudo.
Além da transparência e de uma portabilidade mais eficiente, o diagnóstico é de que pode ser aprimorado, talvez com regras um pouco mais rigorosas, o processo de análise para concessão do crédito, que pode ser “perigoso” sem educação financeira. A solução não passaria, contudo, pela limitação do crédito.
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