Haddad faz aceno a Poderes ao comentar melhora da perspectiva da nota do País pela Moody’s

Ministro da Fazenda aproveitou decisão da agência de classificação de risco para citar trabalho conjunto de Executivo, Legislativo e Judiciário: ‘colocaram interesses do País acima de divergências’

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Foto do author Giordanna Neves
Atualização:

BRASÍLIA - Após a melhora na perspectiva da nota de crédito do Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a Moody’s acompanhou as demais agências de classificação de risco ao reconhecer “a mudança para melhor das nossas perspectivas econômicas”.

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Em publicação nas redes sociais, o chefe da equipe econômica também fez um aceno aos três Poderes, atribuindo a decisão ao trabalho conjunto de Executivo, Legislativo e Judiciário, “que colocaram os interesses do País acima de divergências superáveis”.

A decisão da Moody’s ocorre em meio a um forte desgaste na relação dos Poderes em Brasília. O último embate está relacionado à desoneração da folha de pagamento dos 17 setores que mais empregam e dos municípios, que foi aprovada pelo Congresso Nacional, mas suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido do governo. O julgamento no STF ainda não foi finalizado, mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já recorreu da decisão.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também seguiu o mesmo script e aproveitou a decisão da Moody’s para fazer um afago no Legislativo. Em vídeo publicado nas redes sociais, Padilha parabenizou Haddad e agradeceu ao Congresso - de olho nas futuras votações.

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“Quero fazer um agradecimento especial ao Congresso Nacional, ao presidente da Câmara, presidente do Senado, aos líderes que vinham discutindo isso nas últimas duas semanas, na importância de consolidarmos a saúde das contas públicas para ter mais esse passo positivo de avaliação”, disse Padilha.

O ministro enfrenta um processo de desgaste no Congresso desde o ano passado, especialmente entre deputados. A crise escalou depois que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chamou Padilha de “incompetente” e “desafeto pessoal” publicamente. Nos bastidores, o alagoano chegou a dizer a interlocutores que a pauta da Casa só avançaria se o ministro saísse do cargo.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, foi na mesma linha dos colegas e reforçou o apelo por união entre os três Poderes. “Vamos continuar trabalhando para recuperar o grau de investimento, unindo esforços do governo, Congresso e Judiciário para superar desafios orçamentários e impulsionar nossa economia”, escreveu Tebet, nas redes socias.

Cenário global

Na publicação, Haddad também frisou que, “mesmo com a deterioração momentânea da economia global, o Brasil caminha e recupera credibilidade econômica, social e ambiental”. Atualmente, todos os olhos estão voltados para a política monetária dos Estados Unidos, que vêm sinalizando uma manutenção dos juros por período mais prolongado que o previsto inicialmente.

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Com taxas mais elevadas por lá, os mercados emergentes, como o Brasil, tornam-se menos atrativos e perdem investimentos. Logo, o dólar se valoriza frente ao real, o que impacta a perspectiva de inflação, juros e crescimento econômico.

Nesta quarta-feira, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) manteve suas principais taxas de juros inalteradas pela sexta vez consecutiva. Com a decisão – que foi unânime –, a taxa dos Fed Funds permanecem em 5,25% a 5,50% ao ano.

Em nota divulgada pelo Tesouro Nacional, a Fazenda destacou que a decisão da Moody’s reforça a trajetória de melhoria do rating de crédito nacional - que vem sendo verificada desde 2023, com a elevação tanto pela Standard & Poors quanto pela Fitch, as outras duas principais agências internacionais que medem os riscos fiscais de países e empresas.

A equipe econômica também aproveitou o comunicado para dar ênfase ao novo arcabouço fiscal. “A agência reconhece o papel do arcabouço para a consolidação fiscal, levando à redução gradual dos déficits, e enfatiza a importância da manutenção da credibilidade deste para a redução das incertezas a respeito da trajetória fiscal”, afirma a nota.

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Agência Moody´s elevou de estável para positiva a perspectiva da nota do Brasil.  

O anúncio da Moody´s ocorre em um momento de grande desconfiança em relação ao futuro do arcabouço, que vem sofrendo pequenas alterações, com o aval do Congresso, antes mesmo de completar um ano de vigência. Coincide, também, com a flexibilização das metas fiscais estabelecidas para 2025 e 2026 - a qual foi mal recebida pelo mercado financeiro.

Na nota, a pasta reafirmou o compromisso com uma “trajetória sustentável para as contas públicas, combinando esforços para melhorar a arrecadação e para conter a dinâmica das despesas”.

O time comandado por Haddad vem sendo cobrado a realizar um ajuste também pelo lado das despesas, em meio aos sinais de esgotamento das medidas arrecadatórias, mas ainda há poucas medida concretas - e a maior parte delas anunciadas pelo Planejamento e Orçamento, da ministra Simone Tebet.

Além disso, há pressões contrárias vindas da ala política do governo para que haja uma ampliação dos gastos devido à proximidade das eleições municipais e o temor de um desempenho aquém do esperado do PT, o partido do presidente, nos pleitos locais.

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Nesse cenário pré-eleitoral, o Congresso também vem se mostrando mais inclinado a votar projetos que levam ao aumento de gastos ou a perda de receitas - as chamadas “pautas-bombas”. A equipe econômica e o Executivo vêm fazendo apelos para que os parlamentares também se comprometam com o ajuste fiscal.

Brasil mais próximo do grau de investimento

Na nota divulgada à imprensa, a Fazenda destaca que, ocorrendo a efetivação da mudança da nota de crédito pela Moody’s, o Brasil estará a um passo de voltar a possuir grau de investimento. “Um marco significativo para os indicadores de estabilidade econômica do País”, diz o comunicado.

O grau de investimento funciona como uma espécie de selo de bom pagador, que ajuda a reduzir o custo de emissão de títulos pelos países. Ou seja, o quanto os governos precisam remunerar os investidores para que eles aceitem correr o risco de emprestar dinheiro por meio da compra de títulos soberanos.

A pasta também deu ênfase ao destaque feito pela Moody´s no que diz respeito à melhoria na perspectiva do crescimento do País, após aprovação de reformas estruturais implementadas ao longo de sucessivas administrações.

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“Entre as reformas citadas, enfatiza a importância da reforma tributária em curso. Além disso, também destaca a agenda de transição energética do governo que, com o objetivo de atrair investimentos privados para projetos de energia limpa, pode também contribuir para alavancar o crescimento”, diz a Fazenda.

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