O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ter conversado na segunda-feira, 3, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a possibilidade de parcelamento de operações de débito no Pix.
“Falava ontem (segunda-feira) com Roberto Campos Neto sobre o parcelamento de débito pelo Pix, que pode ser uma grande inovação do nosso sistema bancário. Você parcelar usando essa ferramenta e melhorando as condições de competitividade, de crédito no País”, afirmou, durante evento promovido pelo Bradesco BBI.
A proposta faz parte de uma extensa agenda defendida pela equipe econômica para alavancar as condições de crédito no País.
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Haddad teve uma reunião na segunda-feira com Roberto Campos Neto, em Brasília. O efeito de possíveis mudanças de meta sobre as expectativas de inflação também foi um tema debatido no encontro, segundo o ministro.
Distorções tributárias
Haddad afirmou que o presidente do Banco Central relatou haver cerca de R$ 300 bilhões de distorções tributárias, como subvenção de custeio a Estados. A equipe econômica pretende aumentar a arrecadação por meio de mudanças na cobrança de impostos para viabilizar as regras do novo arcabouço fiscal.
“Nem todo sistema tributário foi construído a partir de interesses legítimos, sendo bastante franco no que diz respeito à medida de não subvencionar custeio de empresas”, disse. Na segunda, o ministro criticou a decisão de que subvenção a Estados para investimento seja equiparada a custeio.
“Subvenção ao custeio não é praticada em nenhum país desenvolvido”, disse. Nas suas contas, essas medidas somam R$ 90 bilhões, sem discussão com a sociedade.
O ministro fez ressalvas, inclusive, à subvenção de investimento. “Como a decisão de um governador no que diz respeito ao ICMS pode afetar a base tributária federal? Já é uma certa anomalia”, avaliou.
Segundo Haddad, se a sociedade não entender a necessidade de corrigir distorções tributárias, será preciso cortar programas sociais. “Se mantido o teto (de gastos), teríamos que fazer corte não mais sobre despesa discricionária, teríamos que cortar R$ 30 bilhões das despesas obrigatórias se fosse mantido a partir de 2024″, disse.
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