RIO - O xadrez político em torno da Petrobras ganhou mais uma peça com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atuando como negociador para apaziguar os ânimos após a empresa anunciar que não iria distribuir dividendos extraordinários. Um papel que o ministro já vem ocupando na relação com o Congresso.
Segundo pessoas próximas à empresa, Haddad está alinhado ao presidente da estatal, Jean Paul Prates, na estratégia de rever a decisão sobre a retenção o pagamento de dividendos extras. O executivo e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, travam um embate em relação aos rumos da empresa desde o ano passado.
Mas a entrada em campo nesta segunda-feira, 11, com um tom conciliador, ajudou Haddad também a ganhar pontos com o colega de ministério. Tanto que Silveira chegou a destacar a oportunidade de o Ministério da Fazenda ter uma cadeira no conselho da petroleira - o nome indicado para a vaga é o do secretário executivo adjunto da Fazenda Rafael Dubeux.
Em novembro passado, Prates e Haddad chegaram a ventilar o interesse em ter uma indicação para o conselho, segundo pessoas que participaram das discussões, mas Silveira teria sido contra. Além disso, há uma avaliação de que o movimento da Fazenda teria como objetivo também enfraquecer o poder de fogo do ministro da Casa Civil, Rui Costa, nessa discussão.
Embate
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, vários pontos contribuíram para a crise em torno da não distribuição extraordinária dos dividendos da Petrobras. De acordo com pessoas ligadas à estatal, existe uma dicotomia na avaliação do grupo de conselheiros ligados ao governo e à diretoria da empresa sobre como enxergam a petroleira nos próximos anos.
A equipe de Jean Paul Prates pondera que a estatal tem liquidez suficiente ao longo dos próximos 24 meses e, por isso, não teria problema para tirar do papel seu robusto plano de investimento de US$ 102 bilhões.
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Já o grupo de conselheiros ligados ao governo trabalha com outra visão. O olhar deste grupo está voltado para a perspectiva de crescimento veloz dos investimentos, o que teria impacto significativo na relação dívida/patrimônio da petroleira.
A reportagem apurou que o grupo de conselheiros teria considerado as análises de risco divulgadas pela diretoria como falhas, assim como preocupantes foram os sinais emitidos pela área de Relações com Investidores de que a Petrobras estava no caminho para distribuir os dividendos extraordinários.
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