O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na manhã desta quarta-feira, 22, que os primeiros quatro meses do ano cumpriram as expectativas da pasta. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, ele afirmou que a arrecadação veio dentro do esperado, com desemprego baixo e inflação dentro da meta. Segundo ele, o objetivo é chegar ao final do ano com as contas públicas equilibradas.
“Nosso desejo é terminar o ano com as contas equilibradas. O primeiro quadrimestre cumpriu as expectativas, que eram consideradas exageradas, que não iam acontecer. Por enquanto, está acontecendo, tanto do ponto de vista do crescimento quanto de inflação, emprego, fiscal”, afirmou.
Segundo o ministro, a inflação no Brasil está ‘totalmente controlada’, com os chamados “núcleos”, que excluem itens mais voláteis, rodando abaixo da meta de 3%.
“A inflação está totalmente controlada, núcleos abaixo da meta, que é exigente, de 3%. Nos 25 anos de regime de metas, quantas vezes isso aconteceu? Às vezes me chegam comentários, e me pergunto de onde está saindo a informação. Olho para o IPCA-15, núcleos, emprego, Caged, IBGE, notas de crédito de três agências internacionais, a impressão que dá é que tem um fantasminha fazendo a cabeça das pessoas”, disse.
A avaliação do ministro, no entanto, contrasta com o alerta feito pelo Banco Central na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando reduziu o ritmo de cortes das taxa de juros, de 0,5 para 0,25 ponto porcentual, e abriu a porta até para interromper o ciclo de cortes da Selic em junho. O Boletim Focus desta semana também mostrou uma piora das expectativas, com o IPCA projetado para este ano subindo para 3,8%, e para o ano que vem, para 3,74%.
Reforma tributária
Haddad reforçou que o segundo projeto de lei que regulamenta a reforma tributária será enviado pela equipe econômica na próxima semana. Ele explicou que o secretário extraordinário da reforma Tributária, Bernard Appy, está finalizando as negociações com Estados e municípios, para que o texto seja encaminhado.
“O primeiro projeto de lei foi entregue em mãos, o segundo será entregue na semana que vem, depende dos Estados e municípios, mas o Appy disse que fecha os entendimentos para chegar aqui e os senhores avaliarem”, afirmou.
Haddad ainda defendeu a política fiscal do governo, afirmando que herdou contas em aberto do goverrno Bolsonaro.
“O Orçamento feito pelo governo anterior já previa R$ 63 bilhões de déficit para 2023. Havia ainda R$ 60 bilhões de Bolsa Família a descoberto. E mais R$ 15 bilhões de Previdência. Só aí já estamos falando de R$ 140 bilhões, sem contar o que não estava previsto com precatórios”.
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