Haddad diz que reunião com Guedes foi ‘excelente’ e que despesas não poderão ser menores em 2023

Cotado para o Ministério da Fazenda de Lula, petista falou que encontro serviu para traçar um ‘plano geral de voo’

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Foto do author Eduardo Gayer
Foto do author Célia Froufe
Atualização:

BRASÍLIA - Favorito para assumir o Ministério da Fazenda no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) se reuniu nesta quinta-feira, 8, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, como antecipou o Estadão/Broadcast. Haddad afirmou ter sido bem recebido e classificou o encontro como “excelente”.

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“Passamos em revista vários assuntos importantes. Obviamente que em uma reunião de uma hora e meia não é possível esmiuçar todos os assuntos, mas foi excelente reunião. Fui muito bem recebido, definimos agenda de trabalho a partir da semana que vem”, afirmou o ex-ministro da Educação após o encontro, realizado apenas entre os dois. Haddad disse que foi ao ministério na condução de interlocutor do grupo de economia da transição.

“O que a gente procurou passar na transição é o conceito de neutralidade fiscal. Ou seja, a despesa em proporção ao PIB de 2023 não pode ser menor que a despesa em proporção ao PIB de 2022, para que não chegue em dezembro do ano que vem com problemas de dezembro deste ano”, afirmou.

Guedes disse que conversou com Haddad e a equipe de transição sobre a necessidade de aprimorar o teto de gastos. Ele fez a afirmação durante transmissão da Cerimônia de Premiação do XXVII Prêmio Tesouro de Finanças Públicas, que tem como tema “O Brasil como uma potência verde”.

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“É preciso manter um duplo compromisso, com a responsabilidade fiscal de um lado. Estive em 16 sessões no Congresso explicando cada R$ 1 bilhão de furo do teto”, relatou. Segundo ele, o teto é uma das ferramentas disponíveis entre várias outras utilizadas pela equipe econômica. “Explicamos cada vez que furamos o teto pelo defeito de construção. O teto foi muito mal construído”, disse.

Paulo Guedes é o ministro da economia do governo Bolsonaro Foto: Wilton Junior / Estadão

Ele afirmou que, ao longo do tempo, foram feitos reparos honrando a austeridade fiscal e que o Tesouro e a Secretaria de Política Econômica (SPE) fizeram projetos de revisão de teto.

“Certamente estamos conversando com a transição, com a economia, mostrando que há aperfeiçoamentos e que vamos seguir aperfeiçoando essas ferramentas”, relatou. “O que queremos é a sustentabilidade fiscal. Tem muito mais a ver com dívida/PIB do que com teto”, disse. “Veja que absurdo: estou atrasado para pagar o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), mas, se eu pagar o BID, eu furo o teto.”

Durante a transmissão da premiação, o ministro afirmou ainda que, na ausência de apoio político para fazer as reformas tributária e administrativa, a equipe econômica deu os primeiros passos no sentido de perseguir um modelo de equilíbrio geral. “Isso ocorreu sempre na direção correta. Qualquer recuo nos passos que demos é um erro técnico, que vai cobrar um preço”, afirmou, numa espécie de recado para o futuro governo.

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Segundo Guedes, “o pessoal mais sério e competente” errou as projeções de crescimento da atividade econômica do País porque os modelos estavam desequilibrados. “Teve também muito barulho político porque era uma aliança de conservadores liberais e houve também falsas narrativas, mas sobre isso eu não vou nem perder tempo”, disse. Para ele, a teoria econômica funciona mesmo em situações de profunda incerteza e que “vai ficar muito claro que deixamos regime econômico bem melhor”.

Haddad defende reforma tributária

Frente à expectativa de ser confirmado na Fazenda, Haddad voltou nesta quinta-feira a defender a reforma tributária e a construção de um novo arcabouço fiscal no País, mas sem detalhar a melhor fórmula para a âncora.

O ex-prefeito ainda afirmou que o maior mérito da aprovação da PEC da Transição no Senado, na quarta-feira, é ter uma solução política para os impasses no Orçamento, que serão tratados na semana que vem entre ele e os secretários do Ministério da Economia para evitar descontinuidade de programas sociais.

De acordo com ele, o PT está em diálogo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com lideranças da Casa para garantir aprovação da PEC por lá também. “Queremos recuperar uma visão mais institucional do processo político, diminuir tensão entre poderes”, afirmou. “Estamos dialogando com o Congresso, que é parte da solução.”

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