BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, nesta quinta-feira, 30, dia seguinte à elevação da taxa básica de juro da economia para 13,25%, que a Selic já está em um “patamar que desacelera a economia”. Ele ponderou que é preciso ter cuidado para que o “remédio em excesso” contra a inflação não seja contraproducente. Para ele, mesmo assim, há espaço para um crescimento 2,5% neste ano (uma queda em relação aos cerca de 3,5% de 2024), acompanhado da redução do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O comentário de Haddad foi feito em entrevista à RedeTV!, gravada mais cedo, e cujos trechos foram disponibilizados à imprensa. A íntegra vai ao ar às 23h45.
“Se você já está com Selic muito restritiva, remédio em excesso pode ser contraproducente”, disse o ministro. Ele reforçou que o governo busca “crescimento sustentável trazendo inflação para dentro da meta”.
O ministro também afirmou que a expectativa da equipe econômica é de acomodação nos preços dos alimentos em 2025, a partir de dois cenários: expectativa positiva para a safra no ano e dólar mais baixo em relação à previsão atual de agentes do mercado financeiro.

Haddad também afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem consciência que, muitas vezes, “mudanças de rotas” no governo podem serem necessárias.
Tarifa de Trump ‘não faz o menor sentido’
Sobre as tarifas de importação que vem sendo anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, o ministro afirmou que “não faz o menor sentido” os Estados Unidos sobretaxarem os produtos vindos do Brasil, já que, segundo ele, os dois países apresentam hoje uma balança comercial “equilibrada”.
Haddad exemplificou que uma taxação muito grande sobre países dos quais os EUA importam muitos itens pode, inclusive, favorecer o Brasil, já que isso poderia aumentar o fluxo de exportação para os americanos. O ministro, contudo, pregou cautela, porque ainda não se sabe exatamente qual será a política anunciada por Trump (após a gravação da entrevista, o presidente americano confirmou a tarifa de 25% para o México e o Canadá).
Leia mais
Ainda segundo o ministro, o anúncio de Trump de que irá haver corte nos subsídios para transição energética fez com que o Brasil passasse a ser procurado por investidores, que planejavam, anteriormente, aportar recursos nos EUA.
“Há agora investidores procurando o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para fazer aqui. Nós temos vantagem competitiva incrível, em relação à produção de energia barata”, disse.