Haddad e Tebet falam em ‘ritmo mais intenso’ de agenda de revisão de gastos após pressão do mercado

Ministro da Fazenda disse ainda que as propostas dos senadores para compensar a desoneração serão processadas pela equipe econômica

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Atualização:

BRASÍLIA – Em um momento de desconfiança do mercado com a política fiscal do País, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, fizeram nesta quinta-feira, 13, um discurso em defesa da intensificação na agenda de revisão e corte de gastos. Eles tiveram uma reunião pela manhã para avançar nesse debate.

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Haddad disse que já existe uma equipe focada na agenda de revisão de gastos, mas garantiu que haverá, a partir de agora, uma intensificação nos trabalhos, para que possa haver maior clareza na elaboração do Orçamento de 2025. “Vamos manter um ritmo mais intenso de trabalho este mês”, disse.

O ministro afirmou que as equipes estão dando bastante força nesta pauta com uma reavaliação “ampla, geral e irrestrita das despesas do País”. “A equipe já está montada; o que pedimos foi intensificação dos trabalhos, para que, até o final de junho, possamos ter clareza do Orçamento de 2025, estruturalmente bem montado – para passar tranquilidade sobre o endereçamento das questões fiscais do País”, disse Haddad, lembrando que a peça orçamentária começa a ser montada no início de julho para ser enviada em agosto ao Congresso.

Haddad afirmou que Fazenda e Planejamento estão 'bastante' sintonizados nessa agenda.  Foto: Diogo Zacarias

O ministro garantiu ainda que a Fazenda e o Planejamento estão “bastante” sintonizados nessa agenda. Ele afirmou que os gastos primário e tributários, além do gasto financeiro do Banco Central, precisam ser revistos. “(Agenda de gastos) está ganhando ao longo do tempo tração cada vez maior”, afirmou, ao reforçar que o Congresso tem apoiado esta pauta.

Tebet endossou o discurso e afirmou que, diferentemente do ajuste via receitas – que começou a se exaurir em meio ao princípio de não ter aumento de carga tributária –, existe hoje uma ampla margem para rever despesas. O cardápio de alternativas, segundo ela, ainda não foi levado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Medidas de compensação

Haddad disse que todas as propostas dos senadores para compensar a desoneração da folha de pagamentos dos 17 setores que mais empregam serão processadas pela equipe econômica; e avaliou que os Poderes vão chegar a um denominador rápido sobre o assunto.

Haddad disse também que, a partir da semana que vem, também irá colocar “algumas propostas” na mesa, mas ressaltou que o foco está em analisar o impacto dos projetos que serão sugeridos pelo Senado. A necessidade de se encontrar uma nova solução para a compensação surgiu após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolver a parte da Medida Provisória que restringia o uso de crédito de PIS/Cofins pelas empresas.

“Todas as propostas dos senadores vão ser processadas por nós para encaminharmos análise de impacto de cada uma delas. A mediação será feita pelo senador Jaques Wagner (relator da desoneração e líder do governo no Senado), sem prejuízo do diálogo dos mais senadores interessados“, disse Haddad. “Então, penso que vamos chegar ao denominar rápido. Vamos colocar algumas propostas na mesa a partir da semana que vem; mas, principalmente, receber deles, até para evitar um atraso nisso”, disse.

O que é a desoneração da folha de pagamentos

A desoneração da folha de pagamentos foi instituída em 2011 para setores intensivos em mão de obra. Juntos, eles incluem milhares de empresas que empregam 9 milhões de pessoas. A medida substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Ela resulta, na prática, em redução da carga tributária da contribuição previdenciária devida pelas empresas. No caso dos municípios, o benefício reduz a tributação de 20% para 8%.

Por decisão do Congresso, em votações expressivas, a política foi prorrogada até 2027 pelo Congresso Nacional, mas acabou suspensa por uma decisão liminar do STF em ação movida pelo governo federal. A alegação é que o Congresso não previu uma fonte de receitas para bancar o programa e não estimou o impacto do benefício nas contas públicas. O Legislativo, porém, argumenta que medidas foram aprovadas para aumentar as receitas da União e que a estimativa de impacto estava descrita na proposta aprovada.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, em entrevista ao Estadãoum acordo para manter a desoneração em 2024 e negociar uma cobrança gradual a partir do ano que vem. Segundo o Desonera Brasil, os 17 setores beneficiados empregam 9,3 milhões de pessoas, e criou 151 mil empregos nos dois primeiros meses do ano. O movimento menciona ainda que o salário médio nestes setores é 12,7% maior ao dos setores que não são desonerados, dados que comprovariam os benefícios da medida.

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