A economia brasileira cresceu em 2024. O PIB se expande a uma taxa de 3,4% em relação ao ano anterior e a taxa de desemprego está na casa de 6%, baixa para nossos padrões históricos. A reforma tributária está feita. São bons sinais. Mas a necessidade do ajuste fiscal se apresenta de forma veemente com a tensão no mercado. Está claro que um controle de despesas será determinante em 2025. O crescimento deste ano é, em parte, devido ao aumento de produtividade ocasionado pelas reformas no governo Temer.
Mas foi também resultado do consumo do governo, dinheiro público injetado na economia por meio de benefícios sociais, precatórios e outras despesas. Teve efeito em 2024, mas isso não dura para sempre.
A reforma tributária deverá contribuir, pois a simplificação do sistema trará benefícios de produtividade e de atração de investimentos. Ela terá, no entanto, uma longa transição. Além disso, a alíquota base do IVA deve ser alta.
O nervosismo recente do mercado mostra que a necessidade de um ajuste fiscal para conter a trajetória ascendente da dívida pública é uma agenda urgente para o governo a partir de janeiro.
Anunciado junto com uma renúncia no Imposto de Renda, o conjunto de medidas para conter gastos foi considerado insuficiente e ainda foi desidratado pelo Congresso.
Ao elevar os juros em um ponto porcentual e avisar que fará o mesmo nas duas próximas reuniões, o Banco Central cumpre sua missão de tentar ancorar expectativas e trazer a inflação para a meta. A questão é que o mercado enxerga nos comunicados que o BC está sozinho na missão e que o governo não atuará na mesma direção. Há mais política monetária e menos política fiscal do que se esperava.
É por esta e outras razões que há duas semanas o dólar ronda a casa dos R$ 6,20. Neste contexto, o BC vender reservas para conter uma alta desenfreada do dólar é apenas um paliativo, não a solução. O Brasil tem US$ 347 bilhões em reservas (dado do dia 19), não há problema em gastar um pouco em momentos de crise.
As reservas internacionais são um escudo contra crises. Foram fundamentais para contornar a crise de 2008, a pior que já enfrentamos. Por isso devem ser usadas com parcimônia. A venda recente foi compreensível, mas a norma é que elas não devem ser usadas como remédio de curto prazo para debelar sintomas. O que acalmará o mercado e colocará as coisas no devido lugar é um conjunto de atitudes do governo para gastar menos e conter a alta da dívida pública.
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Desejo a todos um feliz Natal, com paz e tranquilidade, e um Ano-novo com saúde e esperança.
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