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Ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central

Opinião | Credibilidade das contas públicas definirá o crescimento do País no governo Lula

É fundamental indicar um corte nos gastos compatível com o aumento de despesas da PEC da Transição

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Foto do author Henrique  Meirelles

Nos últimos dias, o futuro governo Lula se dedicou a garantir um Orçamento suficiente para acomodar o cumprimento dos compromissos de campanha e acordos com o Congresso. Mas é hora de pensar para além disso, no crescimento. Para o País atrair investimentos e crescer é necessário, antes de tudo, confiança na economia; e confiança se ganha com a credibilidade da política econômica. Em 2021, eu disse que o nome do crescimento era vacina; em 2022, o nome do crescimento é credibilidade. Em última instância, é isso que gera investimento, expansão do PIB, emprego e renda.

Quando falo em investimento, não me refiro apenas a grandes corporações, investimentos nacionais e estrangeiros em infraestrutura, serviços etc. Para um país crescer são necessários investimentos também de micro, pequenas e médias empresas. Antes, todas precisam ter confiança no ciclo econômico para correr seus riscos.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito para o terceiro mandato  Foto: Eraldo Peres/AP

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A perspectiva de crescimento envolve os microempresários. Um padeiro em uma cidade do interior só vai comprar um forno novo e contratar mais funcionários se tiver confiança de que vai vender mais pães. Ele se arrisca todos os dias que abre as portas: conta com a entrada de pessoas dispostas a comprar seus produtos. Grandes corporações correm grandes riscos, mas os empreendedores menores fazem o mesmo.

A negociação da PEC da Transição foi sobre a dimensão do aumento de despesas. Tão importante como ter recursos públicos para os mais necessitados é ter em mente que isso afeta a confiança na sustentabilidade das contas públicas. Não é possível apenas gastar. É fundamental que o próximo governo se preocupe com o outro lado da equação e indique que vai fazer um corte nos gastos públicos compatível com o aumento de despesas proposto pela PEC. Fizemos isso em São Paulo, e a reforma administrativa rendeu um saldo orçamentário de R$ 53 bilhões no início de 2022. Se o mesmo for feito no governo federal, é possível conseguir uma economia várias vezes maior, que compensaria o aumento de despesas proposto pela PEC.

É fundamental que o governo apresente logo sua proposta de âncora fiscal para os próximos anos. Assim, indicará responsabilidade fiscal, cuidado com a dívida pública e atrairá mais investimentos. Estas medidas são capazes de fortalecer a credibilidade na política econômica e dar confiança aos agentes para investir e gerar um ciclo positivo. Começará pelos grandes e chegará aos pequenos. O padeiro agradecerá. Finalmente, devemos ter em mente que o melhor programa social que existe é a criação de empregos.

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Um feliz 2023 a todos! Vamos em frente!

Opinião por Henrique Meirelles

Ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda

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