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Herdeira da Basf procura 50 austríacos para distribuir US$ 27 milhões

Marlene Engelhorn enviou convites a 10 mil austríacos; quando esse grupo for reduzido a 50, ela passará seis fins de semana deste ano discutindo a melhor maneira de gastar o dinheiro

Por Amanda Holpuch

THE NEW YORK TIMES - Nos próximos dias, cerca de 10 mil austríacos encontrarão em suas caixas de correio um convite de uma herdeira pedindo sua ajuda para gastar € 25 milhões, ou cerca de US$ 27,4 milhões, de sua herança.

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Não se trata de um golpe ou de uma jogada de marketing inteligente. Em vez disso, a herdeira, Marlene Engelhorn, disse que era uma tentativa de desafiar um sistema que permitiu que ela acumulasse milhões de euros.

Engelhorn, de 31 anos, cresceu em Viena e há anos faz campanha por políticas tributárias que redistribuam a riqueza herdada e abordem a desigualdade econômica estrutural.

Sem essas leis tributárias em vigor, ela está recorrendo ao público para decidir como seu dinheiro deve ser gasto.

Marlene Engelhorn visita um evento da Millionaires for Humanity, onde ativistas pedem que super-ricos tenham impostos maiores Foto: Mashid Mohadjerin/The New York Times

Os 10 mil austríacos que receberão convites serão reduzidos a 50, com o objetivo de refletir a população do país com base em dados demográficos como gênero, idade e renda. O grupo, denominado Guter Rat, ou bom conselho, se reunirá em Salzburgo durante seis finais de semana deste ano para discutir a melhor maneira de gastar o dinheiro.

“Um bom plano precisa de muitas perspectivas”, disse Engelhorn, em uma declaração no site do projeto. “Não apenas de um indivíduo que, por acaso, tenha herdado. O simples fato de eu desejar melhorar o estado de nossa sociedade não significa que eu tenha um bom plano.”

A herança de Engelhorn teve origem com Friedrich Engelhorn, que fundou a Basf, uma das maiores empresas químicas do mundo, em 1865. Sua família também era proprietária da Boehringer Mannheim, uma empresa farmacêutica e de equipamentos de diagnóstico médico, até ser vendida por US$ 11 bilhões, em 1997.

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Antes do anúncio do projeto Guter Rat na terça-feira, 9, Engelhorn havia se comprometido publicamente a doar pelo menos 90% de sua herança multimilionária. Ela faz parte de um pequeno movimento de super-ricos que querem não apenas redistribuir seu dinheiro, mas também desafiar as estruturas que lhes permitiram herdar suas riquezas. A Áustria aboliu seu imposto sobre herança em 2008.

Não está claro qual porcentagem da herança Engelhorn destinou ao projeto, cujo nome completo é Guter Rat für Rückverteilung, ou o bom conselho para redistribuição. Bernhard Madlener, porta-voz do projeto, disse em um e-mail que se tratava de uma “grande maioria”.

Na terça-feira, 9, o projeto enviou convites por correio para 10 mil pessoas na Áustria, escolhidas aleatoriamente em um banco de dados nacional.

Os participantes devem ter pelo menos 16 anos de idade, mas não precisam ser cidadãos austríacos ou falar alemão.

O grupo se reunirá de março a junho para discussões moderadas por profissionais e ouvirá especialistas sobre questões como a distribuição de riqueza e a forma como as organizações não governamentais são financiadas. Serão selecionados 15 membros substitutos para o caso de alguém não poder comparecer.

Marlene Engelhorn é uma herdeira que advoga não apenas pela redução da desigualdade, mas também por uma mudança no sistema que permitiu tamanho acúmulo de riqueza por algumas pessoas Foto: Mashid Mohadjerin/The New York Times

Os membros do Guter Rat receberão € 1,2 mil, ou cerca de US$ 1,3 mil, por fim de semana. Os custos de hotéis, refeições e viagens serão cobertos, assim como os custos para tratar de assuntos que possam impedir a participação das pessoas, como creches e intérpretes. Os membros serão anônimos, a menos que decidam falar publicamente.

Há limites sobre como os fundos podem ser gastos, de acordo com o site do projeto. O dinheiro não pode ir para grupos ou pessoas que sejam “inconstitucionais, hostis ou desumanas” e não pode ser investido em instituições com fins lucrativos. O dinheiro também não pode ser redistribuído para membros do grupo ou “partes relacionadas”.

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Se o grupo não conseguir encontrar uma maneira amplamente apoiada de distribuir o dinheiro, ele será devolvido à herdeira.

O projeto incomum foge dos métodos que alguns super-ricos têm usado para se desfazer de seu dinheiro, como a criação de fundações para causas que apoiam ou a doação a grupos existentes. Engelhorn disse que esses caminhos ainda davam aos ricos um poder que eles não haviam conquistado.

Na declaração de Engelhorn sobre o projeto, ela disse que doar dinheiro não “resolve o problema do fracasso político” e que isso “me dá um poder que eu não deveria ter”.

“A redistribuição deve ser um processo que vai além de mim”, disse ela.

Depois que o Guter Rat for estabelecido, Engelhorn se retirará do projeto e renunciará a toda autoridade de tomada de decisão, de acordo com o site do projeto.

“É claro que ela se reserva no direito de continuar comentando sobre os tópicos de distribuição e redistribuição de riqueza, mas ela não tem direito de veto ou direitos semelhantes em relação aos resultados da discussão no Conselho e aos € 25 milhões”, diz o site. “O Conselho decide.”

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

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