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'Homem que decide economia no Brasil é um só: chama-se Paulo Guedes', diz Bolsonaro

Ministro da Economia expôs sua contrariedade com o plano econômico anunciado na semana passada pelo governo, sem a participação de sua equipe

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Foto do author Marlla Sabino

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 27,  na porta do Palácio da Alvorada, que o "homem que decide a economia" no Brasil é o ministro da Economia, Paulo Guedes.

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"Acabei mais uma reunião aqui tratando de economia. E o homem que decide a economia no Brasil é um só: chama-se Paulo Guedes. Ele nos dá o norte, nos dá recomendações e o que nós realmente devemos seguir”, disse Bolsonaro.

Ele fez a declaração ao sair de uma reunião com Guedes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Os ministros estavam ao lado de Bolsonaro durante a fala.

O presidente Jair Bolsonaro declarou apoio ao ministro Paulo Guedes nesta segunda-feira. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Guedes afirmou que o governo segue firme em sua política econômica de responsabilidade fiscal. Segundo ele, os gastos extraordinários feitos pelo governo em decorrência da crise do novo coronavírus são uma "exceção" na condução da política econômica. "Queremos reafirmar a todos que acreditam na política econômica que ela segue, é a mesma política econômica", disse. “Quando há um problema, como de saúde, o presidente fala: ‘Olha vamos para um programa de exceção'."

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Como mostrou o Estado, o ministro da Economia entrou em atrito com colegas na Esplanada e expôs sua contrariedade com o plano econômico anunciado na semana passada para o período pós-pandemia do coronavírus.

Guedes chegou a escalar o presidente do BC para alertar que o Plano Pró-Brasil - que prevê o aumento de investimentos públicos em infraestrutura - atrapalha atuação do BC na condução da política de juros. 

Depois de Luiz Henrique Mandetta, demitido da Saúde, e da saída de Sérgio Moro do ministério da Justiça, Guedes entrou no processo de “fritura” deflagrado por uma ala do governo por insistir no discurso de manutenção da sua política de ajuste fiscal. Integrantes da equipe econômica não estiverem presentes na cerimônia de lançamento do programa.

As especulações no mercado sobre uma possível saída de Guedes aumentaram após as demissões de Mandetta e de Moro terem sido motivadas pela interferência do presidente nas duas pastas. A pergunta que agora se faz no meio político é se Guedes vai aceitar uma ingerência de Bolsonaro em suas ações. Os dois ex-colegas de Esplanada não aceitaram.

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Apesar da pressão, o ministro tem dito a interlocutores que não há nenhuma intenção de deixar o cargo, mas também não pretende mudar sua política econômica de aumento dos investimentos via iniciativa privada.

“O programa Pró-Brasil, na verdade, são estudos justamente na área de infraestrutura, de construção civil, são estudos adicionais para ajudar nessa arrancada de crescimento. Isso vai ser feito dentro dos programas de recuperação de estabilidade fiscal nossa”, disse Guedes hoje. “Nós não queremos virar Argentina, nós não queremos virar a Venezuela. Estamos em outro caminho, estamos no caminho da prosperidade, e não no caminho do desespero”.

O Pró-Brasil foi criticado por integrantes da equipe econômica por envolver aumento de gastos públicos e chegou a ser apelidado de Dilma 3. A referência “Dilma 3” é uma alusão ao que seria uma continuidade do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que teve duas etapas durante os governos do PT e cujos gastos podiam ser abatidos do esforço necessário para cumprir a meta fiscal. 

Segundo Guedes, o governo poderá ampliar investimentos próprios em infraestrutura, mas sem criar grandes planos de desenvolvimento, a exemplo dos criados em governos anteriores. 

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"O Tesouro não investe, o Tesouro é o caixa. Quem investe é o governo, se decidir. E o governo, sim, aumenta investimentos em infraestrutura. Acabamos de conversar com ministro Tarcísio, não tem problema nenhum. O que não podemos fazer é justamento planos nacionais de desenvolvimento, como era antigamente, porque a nossa direção é outra. O excesso de gastos de governo corrompeu a democracia brasileira, estagnou a economia brasileira", afirmou.

Guedes voltou a defender o teto de gastos, regra da Constituição que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação. "Se faltasse dinheiro para saúde, nós até poderíamos romper (o teto), mas não é o caso. Tudo que os governadores pediram, levaram. [...] Para que falar em derrubar o teto se é o teto que nos protege contra a tempestade", afirmou.

Servidores públicos

Guedes afirmou que nesta semana deverá passar no Congresso “importante programa” para descentralizar recursos para Estados e municípios, mas com contrapartidas. O ministro deu como exemplo de contrapartida não conceder reajustes a servidores públicos a fim de auxiliar no esforço para enfrentar a crise.

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“Não peçam aumento por um ano e meio, contribuam com o Brasil”, afirmou o ministro.

Guedes assegurou que o governo não pretende reduzir salário de servidores, mas pediu que o funcionalismo público faça um “sacrifício” pelo país.

“Precisamos também que o funcionalismo público mostre que está com o Brasil, que vai fazer um sacrifício pelo Brasil, que vai ficar em casa trancado com geladeira cheia e assistindo a crise enquanto milhões de brasileiros estão perdendo emprego. Não, eles vão colaborar. Eles vão também ficar sem pedir aumento por algum tempo. Ninguém vai tirar. E o presidente disse ‘ninguém tira direito, ninguém tira salário, ninguém encosta em nenhum direito que existe hoje’”, afirmou Guedes

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