IBC-Br vem mais forte, mercado começa a revisar PIB para cima e Fazenda também deve subir projeção

Atividade econômica acima do esperado ajuda a manter o mercado de trabalho mas coloca pressão sobre a inflação e a política de juros do Banco Central

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Foto do author Alvaro Gribel

BRASÍLIA – O índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) veio acima do esperado em setembro – o que levou economistas a revisar para cima as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. No Ministério da Fazenda, a projeção, que está em 3,2%, também deve ser elevada para algo em torno de 3,5%, segundo interlocutores da pasta ouvidos pelo Estadão.

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O índice IBC-Br de setembro teve alta de 0,8% na comparação com o mês de agosto – acima da mediana das projeções do mercado financeiro, de 0,5%, segundo o Projeções Broadcast. O dado reflete o bom resultado do varejo ampliado (que inclui veículos e materiais de construção), que subiu 1,8% no mesmo mês, da produção industrial, que cresceu 1,1%, e do setor de serviços, que teve alta de 1%.

Se por um lado o crescimento mais forte da economia ajuda a manter o desemprego em baixa e melhora arrecadação do governo, por outro, acende o sinal de alerta sobre os seus efeitos sobre a inflação – colocando mais pressão sobre o Banco Central para subir a taxa básica de juros.

O ministro da Fazenda Fernando Haddad, durante entrevista coletiva realizada no Palácio do Planalto, em Brasília. Foto: Wilton Junior/WILTON JUNIOR

O economista Daniel Xavier, do Banco ABC Brasil, diz que sua projeção para este ano, hoje na casa de 3,3%, deve subir para 3,5% ou 3,6%. Ele explica que a economia está sendo impulsionada por uma série de fatores, como mercado de trabalho aquecido, transferências governamentais e o crédito ainda forte.

“Em termos qualitativos, a expansão no terceiro trimestre se mostrou mais dispersa entre os setores (indústria, serviços e varejo amplo) e regiões – o que revela consistência neste movimento. Os pilares macro têm sido basicamente os mesmos; mercado de trabalho aquecido, ganhos salariais positivos, transferências governamentais e crédito ainda sustentando o nível de atividade”, afirmou em relatório a clientes.

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Marcelo Fonseca, da Reag Investimentos, também subiu sua projeção para 3,3%, enquanto Sérgio Vale, da MB Associados, que previa 2,8%, deve ficar acima de 3%, agora. Ele pondera, contudo, que a inflação e os juros estão em alta neste final de ano, o que pode se refletir no crescimento do quarto trimestre.

“O ano caminha para ficar um pouco acima de 3%. Mas ainda é cedo para cravar, tem inflação aumentando neste final de ano, e algum impacto de juros”, disse.

Uma rodada mais forte de revisões pode acontecer depois de o IBGE divulgar o PIB do terceiro trimestre no início de dezembro. Em todo terceiro trimestre de cada ano, o instituto revisa os números do primeiro e segundo trimestres – o que dá mais segurança para que os economistas refaçam as contas para o ano.

Eduardo Velho, sócio da Equador Investimentos, diz que o nível de atividade econômica mais forte forçará o Banco Central a continuar subindo a taxa básica de juros.

“O dado corrobora as preocupações do Banco Central, na última ata do Copom, sobre os ritmos de atividade e do mercado de trabalho ainda resilientes. Reforça a manutenção do ritmo da alta da Selic de 0,5 ponto nas decisões de dezembro e de janeiro de 2025″, afirmou.

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Espera pelo corte de gastos

O PIB mais forte este ano também coloca mais pressão para que o Ministério da Fazenda estabeleça um teto para o aumento real (acima da inflação) do salário mínimo.

Hoje, a regra define que o mínimo é reajustado a partir da inflação do ano anterior e do PIB de dois anos antes. O crescimento da economia em 2024, portanto, teria impacto sobre as contas públicas de 2026.

A Fazenda tenta conter o aumento do salário mínimo a 2,5% ao ano, o mesmo teto estabelecido pelo arcabouço fiscal, mas ainda não há o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a proposta seja enviada ao Congresso.

Pelas contas da XP Investimentos, a proposta poderia levar a uma economia de até R$ 84 bilhões em dez anos.

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