Investimento de grandes e médias indústrias em inovação volta a recuar em 2023, aponta IBGE

Segundo levantamento, 64,6% das indústrias pesquisadas investiram em inovação em 2023, uma queda de 3,5 pontos porcentuais em comparação com o ano anterior

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RIO - O Brasil registrou novo recuo na inovação na passagem de 2022 para 2023. No ano de 2023, 64,6% das grandes e médias empresas industriais introduziram alguma inovação de produto ou processo nos negócios, segundo a Pesquisa de Inovação (Pintec) Semestral: Indicadores Básicos, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado significa um decréscimo de 3,5 pontos porcentuais em relação à fatia de 68,1% de empresas que implementaram alguma inovação no ano de 2022, resultado que já tinha se reduzido ante a proporção de 70,5% de empresas com inovações em 2021.

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A pesquisa considera como inovação a adoção de algum produto novo ou substancialmente aprimorado ou a incorporação de algum processo de negócios novo ou aprimorado.

“Tomando como referência o comportamento da produção industrial, mensurada na Pesquisa Industrial de Produção Física – PIM-PF, do IBGE, observam-se taxas para o total da indústria (0,1% em 2023 frente a 2022) perto da estabilidade puxada pelo crescimento das indústrias extrativas (7,3%), enquanto as indústrias de transformação apresentaram recuo de 1,1%”, lembrou o IBGE, no levantamento.

Taxa de inovação foi superior entre as companhias de maior porte, segundo o IBGE  Foto: Dieter Gross / Estadão

Em todo o universo de empresas, 34,4% implementaram novos produtos e processos de negócios simultaneamente em 2023. Uma fatia de 16,6% inovaram somente no processo de negócios, e uma parcela de 13,6% inovaram apenas em produto.

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Considerando o tamanho das empresas, a taxa de inovação foi superior entre as companhias de maior porte, alcançando 73,6% na categoria com mais de 500 pessoas ocupadas. No ano anterior, porém, 77,0% das empresas nesse grupo tinham adotado inovações.

Na faixa de empresas que tinham entre 250 e 499 trabalhadores ocupados, a proporção que adotou inovações desceu de 74,3% em 2022 para 70,8% em 2023. No grupo de companhias com 100 a 249 ocupados, a fatia de inovadores caiu de 62,8% para 59,3% no período.

Entre os segmentos industriais, o setor de produtos químicos teve a maior taxa de inovação em 2023 (com 88,7% das empresas do ramo realizando inovações), seguido por fabricação de máquinas e equipamentos (88,0%) e equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (85,3%). As menores proporções de empresas inovadoras ocorreram em produtos de madeira (31,2%), produtos de fumo (38,7%) e impressão e reprodução de gravações (44,7%).

Investimentos em P&D

Em 2023, 34,3% das médias e grandes indústrias investiram em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). O resultado é ligeiramente inferior ao observado em 2022, quando 34,4% das empresas fizeram esse tipo de investimento.

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O setor farmoquímico e farmacêutico teve a maior proporção de companhias com investimentos em P&D, 67,8% delas, seguido pelos segmentos de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (66,9%) e produtos químicos (63,0%%). Os ramos com menor proporção de empresas com esse tipo de investimento foram produtos de madeira (10,3%), produtos têxteis (14,3%) e couro, artigos de viagem e calçados (15,6%).

A proporção de empresas industriais inovadoras que realizaram dispêndios em atividades internas de P&D subiu de 50,6% em 2022 para 53,1% em 2023. Essas empresas investiram cerca de R$ 38,2 bilhões em atividades internas de P&D em 2023, 3,9% a mais que o investimento realizado no ano anterior, em termos nominais. Segundo o IBGE, 84,6% dos dispêndios em atividades internas de P&D estavam concentrados nas empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas.

Quanto às expectativas, 37,4% das empresas inovadoras pretendiam aumentar os dispêndios em atividades internas de P&D em 2024, 59,1% pretendiam manter os mesmos níveis de investimentos de 2023, e apenas 3,5% manifestaram intenção de diminuir. Para o ano de 2025, 49,1% das empresas inovadoras esperavam aumentar seus investimentos em P&D, 48,8% estimavam manter os níveis projetados para 2024, e 2,1% previam diminuir.

Apoio público

Em 2023, 36,3% das empresas industriais inovadoras recorreram a algum mecanismo de apoio público para suas inovações. O principal instrumento de apoio público utilizado no ano foi o incentivo fiscal à P&D e inovação tecnológica, contemplando 26,4% das companhias com inovações, seguido por financiamento exclusivo para a compra de máquinas e equipamentos utilizados para inovar (10,5%).

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As atividades que proporcionalmente mais se beneficiaram do apoio público foram fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (81,0%), fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (59,5%) e fabricação de produtos químicos (52,2%).

“A Pintec Semestral mostra que uma proporção maior de empresas industriais inovadoras com 100 ou mais pessoas ocupadas (63,7%) não utilizaram apoio público para suas atividades inovativas em 2023 em comparação com o ano anterior (61%)”, ponderou o IBGE.

O levantamento mostrou ainda que 32,9% das empresas inovadoras estabeleceram algum tipo de parceria para o desenvolvimento das suas atividades inovativas em 2023, resultado inferior ao de 2022 (33,2%) e ao de 2021 (41,7%). O setor extrativo é o que tem registrado queda mais expressiva na cooperação: a proporção de empresas do ramo com algum tipo de parceria para inovação desceu de 62,0% em 2021 para 45% em 2022, caindo a 33,2% em 2023.

O levantamento ouviu apenas empresas de médio e grande porte, com pelo menos 100 trabalhadores ocupados, pertencentes às atividades das indústrias extrativas e de transformação. A pesquisa do IBGE foi feita em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A coleta e o tratamento dos dados consideraram uma amostra de 1.611 empresas num universo de 9.833 indústrias em atividade no Brasil que se encaixavam nos parâmetros exigidos pela pesquisa. O período de coleta das informações se estendeu entre 7 de agosto e 31 de outubro de 2024, tendo o ano de 2023 como período de referência para ações efetivamente realizadas e os anos de 2024 e 2025 em relação às expectativas.

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