Inflação desacelera em março e fica em 0,56%; alta do tomate, café e ovo pressiona índice

Grupo de alimentação e bebidas acelerou de 0,70% para 1,17%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 11, pelo IBGE; acumulado do IPCA dos últimos 12 meses passou para 5,48%

Atualização:

RIO - Passada a influência do bônus de Itaipu sobre as contas de luz, a inflação no Brasil desacelerou de 1,31% em fevereiro para 0,56% em março, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta sexta-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Porém, a taxa de inflação acumulada em 12 meses acelerou pelo segundo mês consecutivo, subindo a 5,48% em março, maior patamar em mais de dois anos, afastando-se ainda mais da meta de inflação de 3,00% perseguida pelo Banco Central, cujo teto de tolerância é de 4,50%.

“Ao longo desta semana rebaixamos levemente o IPCA esperado para 2025, de +5,6% para +5,5%, pois com base nas defasagens, na esteira da recente redução das cotações do petróleo, avaliamos como preponderantes a chances de um anúncio de redução da gasolina na segunda quinzena de abril”, previu Fabio Romão, economista da LCA Consultores.

O qualitativo da inflação continua se deteriorando, avaliou Francisco Luis Lima Filho, economista sênior do banco ABC Brasil.

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IPCA de março ficou em 0,56%, segundo o IBGE Foto: Robson Fernandes/Estadão

“Para o resto do ano, continuamos esperando que a inflação acelere nos próximos meses, atingindo 5,8% em dezembro de 2025. Mantemos a perspectiva do grupo de alimentos pressionando inflação ao longo do ano, setor de serviços sendo pressionado por um mercado de trabalho que segue aquecido, industriais refletindo a desvalorização do real e expectativa de bandeira amarela para o mês de dezembro”, enumerou Lima Filho, em relatório. “Entre os riscos de queda para nossa projeção, destacamos o atual patamar dos preços do petróleo, que pode trazer pressão para cortes nos preços dos combustíveis, e um possível desvio do fluxo de comércio chinês de bens industriais para o Brasil.”

Em março, houve pressão do encarecimento de alimentos sobre o orçamento das famílias. O tomate foi o principal vilão da inflação, com uma alta de 22,55% no preço, uma contribuição de 0,05 ponto porcentual para o IPCA.

O grupo Alimentação e bebidas teve alta de 1,17% em março, sétimo aumento consecutivo.

“Foi o maior impacto, respondendo por cerca de 45% do IPCA de março”, frisou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE.

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O custo da alimentação no domicílio aumentou 1,31% em março. Além do tomate, foram destaques também os aumentos no ovo de galinha (13,13%) e no café moído (8,14%, acumulando uma elevação de 77,78% nos últimos 12 meses).

As altas no tomate, café moído e ovo de galinha responderam juntos por 25% do IPCA de março. Por outro lado, ficaram mais baratos o óleo de soja (1,99%), o arroz (1,81%) e as carnes (1,60%). O preço do contrafilé caiu 3,40%, subitem de maior alívio no IPCA, -0,02 ponto porcentual.

A alimentação fora do domicílio aumentou 0,77% em março. O lanche subiu 0,63%, enquanto a refeição fora de casa avançou 0,86% e o cafezinho encareceu 3,48%.

Em 12 meses, os preços dos alimentos acumulam um aumento de 7,68%, ante uma taxa de 5,48% registrada pelo IPCA. Segundo Gonçalves, os cultivos de alimentos têm sofrido consequências de problemas climáticos, o que reduz a oferta de produtos, influenciando aumentos de preços.

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“A gente espera que com a chegada das chuvas, uma normalização, o clima mais ameno, isso se reverta”, estimou Gonçalves.

No mês de março, a inflação de serviços sofreu pressão do encarecimento de itens alimentícios, via repasses que elevaram também o custo da alimentação fora de casa, afirmou Gonçalves.

A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – teve uma alta de 0,62% em março. No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços subiu a 5,88%. Segundo Fernando Gonçalves, do IBGE, o mercado de trabalho aquecido pode explicar o fato de a inflação de serviços acumulada em 12 meses se manter acima do patamar da inflação geral no País.

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“A massa salarial estando maior acaba trazendo um impulso para o consumo”, avaliou Gonçalves.

Em março, todos os nove grupos que integram o IPCA registraram altas de preços. Além de Alimentação, houve aumento nos custos das famílias com Habitação (0,24%), Educação (0,10%), Transportes (0,46%), Despesas pessoais (0,70%), Saúde e cuidados pessoais (0,43%), Artigos de residência (0,13%), Comunicação (0,24%) e Vestuário (0,59%).