IBGE: servidores protestam contra gestão de Pochmann; órgão diz que manterá diálogo

Manifestantes acusam atual presidência de ‘autoritarismo’; direção do IBGE diz em nota que mudanças foram debatidas e acusa sindicato de ter rompido conversas

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Por Daniela Amorim (Broadcast) e Pedro Kirilos

RIO - Trabalhadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) protestaram na manhã desta quinta-feira, 26, em frente à sede do órgão, no Rio de Janeiro. Os manifestantes, endossados pelo sindicato da categoria, acusam a gestão do atual presidente do órgão, Marcio Pochmann, de “autoritarismo”.

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As críticas englobam a portaria que determina o retorno de trabalhadores ao regime parcialmente presencial, a migração de servidores para instalações em bairros considerados de difícil acesso, a falta de transparência na criação de uma fundação de direito privado chamada IBGE+ e alterações no Estatuto do instituto. A atual gestão afirma que as mudanças foram debatidas interna e externamente e que a revisão do estatuto do órgão cabe à presidência determinar e organizar. A direção do IBGE também acusa o sindicato de romper as conversas e disse que manterá diálogo com os servidores (leia mais abaixo).

Trabalhadores pediam “mais diálogo, menos autoritarismo”, em adesivos. Em faixas estendidas na fachada do edifício, os trabalhadores clamavam por “mais respeito” ao órgão. Segundo os manifestantes, 49,4% dos trabalhadores do instituto estão atuando presencialmente, 30,9% estão no regime híbrido, e os demais (19,7%) permanecem em trabalho remoto. A entrega de resultados do corpo técnico tem sido 100% eficaz, de acordo com os servidores.

Em manifestação, servidores acusaram presidente do IBGE de desqualificar corpo de funcionários e a história do órgão Foto: Pedro Kirilos/Estadão

“Aberta a temporada de presidentes temporários e autoritários! Ou o IBGE acaba com a gestão autoritária ou esta gestão autoritária acabará com o IBGE!!!”, dizia um dos cartazes.

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Durante os discursos, Pochmann foi acusado de desqualificar o corpo de funcionários e a história do IBGE, se colocando como a modernidade contra uma instituição atrasada.

(Ele) Já disse que a gente parou em 2016, não reconhece tudo que o IBGE fez, não só nos 88 anos, mas, principalmente, pós-pandemia, durante a pandemia, o Censo que a gente fez. Ele não se digna em vir a uma reunião do Comitê do Censo. Não vem a uma reunião da Diretoria de Geociências, a uma reunião da Diretoria de Pesquisas. Não sabe quais são os problemas da casa, não quer saber”, criticou a servidora Maria Lúcia Vilarinhos. “Está viajando pelo mundo, não é porque é Marcio Pochmann. É porque é presidente do IBGE. É o IBGE que coloca ele na mídia”, completou.

Manifestantes cobraram mais diálogo com presidência do IBGE; atual gestão acusou sindicato de interromper conversas Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Alterações no estatuto

A presidência do IBGE divulgou nesta quinta uma nota confrontando as críticas feitas pelo sindicato dos trabalhadores do órgão, a Assibge. Foi a terceira nota divulgada nesta semana pela gestão Pochmann.

O comunicado afirma que todas as portarias editadas pela atual gestão, entre elas as que mencionam o teletrabalho e o trabalho híbrido, foram publicadas obedecendo aos prazos previstos em lei.

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A gestão de Pochmann lembra ainda que o IBGE teve muitas alterações em seu estatuto ao longo de quase 90 anos, o que seria uma prerrogativa da gestão nomeada, por meio da presidência do órgão.

“O atual estatuto do IBGE, e seu respectivo de quadro de cargos e funções, foi aprovado pelo decreto 11.177, de 18 de agosto de 2022″, adicionou o informe, acrescentando que a medida fez mudanças estruturais e significativas no instituto à época. “Vale considerar que essa última edição foi proposta e aprovada inteiramente pela direção à época durante a pandemia da covid-19, momento em que a instituição estava inteiramente envolvida com a execução do censo demográfico e se adaptando ao regime de trabalho remoto integral.”

A atual gestão afirmou ainda que as novas mudanças pretendidas foram debatidas interna e externamente, em eventos conduzidos pela presidência, em que teria havido manifestação do sindicato. A presidência afirma que manterá o diálogo com os servidores, mas que “o início do processo de revisão do estatuto cabe à gestão determinar e organizar”.

Diálogo com o sindicato

Na nota, a presidência do IBGE acusa o sindicato dos trabalhadores, Assibge, de ter rompido o diálogo com a atual gestão, além de insinuar que a entidade representante dos trabalhadores tem defendido o interesse de apenas parte dos servidores que não querem voltar ao presencial.

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No comunicado, em que cita uma nota do sindicato que exigia a revogação imediata de portaria sobre teletrabalho, a gestão de Marcio Pochmann afirma que “diálogo não pode ser com exigências prévias”.

“A presidência do IBGE não poderia aceitar uma reunião com exigências prévias”, afirmou a nota de Pochmann. “A atual gestão do IBGE sempre se manteve aberta ao diálogo. Infelizmente, a Assibge rompeu o diálogo ao não aceitar reunir-se com a direção por duas vezes, não obstante o convite da direção do IBGE. E convite da direção sempre foi com pauta aberta, mesmo quando o tema era específico”.

O texto afirma ainda que a volta ao trabalho presencial é uma bandeira dos trabalhadores do órgão. “E todo o IBGE, inclusive, o sindicato, acompanha este ano as várias portarias sobre a volta do regime de trabalho remoto integral. Não tendo feito movimento quando na volta dos APMs, dos administrativos, dos coordenadores e gerentes, mas que agora é contra a volta da parcela menor de trabalhadores que ainda está em teletrabalho integralmente”, criticou a direção do instituto.

Ao fim do texto, Pochmann sobe o tom nas críticas ao sindicato. “Qual deveria ser a postura de um sindicato de trabalhadores? Defender a maioria ou uma parte que não quer voltar ao trabalho presencial? Como os ibegean@s que já estão em trabalho presencial podem ser apoiados?”, escreve a presidência. “Ninguém é melhor que ninguém. E o IBGE é de todos e do Brasil! Pauta aberta, mas organizada em torno dos principais pontos de interesse da instituição, dos trabalhadores e do Brasil”.

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