IBGE substitui diretores, e sindicato fala em agravamento da crise interna

A atual diretora, Elizabeth Belo Hypólito, e seu diretor-adjunto, João Hallak Neto, pediram exoneração do comando da Diretoria de Pesquisas; o IBGE não se pronunciou sobre o assunto

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RIO - O sindicato que representa os trabalhadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Assibge-SN, disse em nota, nesta terça-feira, 7, que “a crise no IBGE se aprofunda”. O comunicado da entidade se refere à mudança nos cargos de diretor e diretor-adjunto na Diretoria de Pesquisas, informada na segunda-feira, 6.

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Questionado pela reportagem, o IBGE não se pronunciou sobre o assunto.

O pedido de exoneração da atual diretora, Elizabeth Belo Hypólito, e de seu diretor-adjunto, João Hallak Neto, teria ocorrido por discordâncias com a gestão de Marcio Pochmann na presidência do instituto, afirmaram ao Estadão/Broadcast pessoas que acompanharam o assunto. Em nota, o sindicato que representa os trabalhadores do IBGE menciona um agravamento da crise interna no órgão.

Servidores do IBGE, inclusive de postos-chave da gestão, vem questionando medidas de Pochmann como a criação do que vem sendo chamado de “IBGE Paralelo”.

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A diretora de Geociências, Ivone Lopes Batista, também teria pedido exoneração do cargo, mas sua saída não fora anunciada por ainda aguardar a decisão sobre seu substituto, conforme pessoas a par das mudanças nos cargos.

O IBGE vive uma crise interna, marcada por protestos de servidores Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Hypólito será substituída no comando da principal diretoria do IBGE pelo também servidor Gustavo Junger da Silva. Hallak Neto será sucedido por Vladimir Gonçalves Miranda, ambos também servidores da casa. A presidência do IBGE, ocupada por Pochmann, divulgou a troca de comando em nota distribuída à imprensa, porém, sem informar os motivos da mudança.

“A transição de trabalhos ocorrerá a partir da próxima semana”, diz o breve comunicado oficial do IBGE.

O Assibge-SN se manifestou em texto, divulgado nesta terça-feira, 7: “Como é de amplo conhecimento dentro da instituição, Elizabeth Hypólito e João Hallak entregaram seus cargos. Embora os referidos servidores tenham optado, até o momento, por não expor publicamente os motivos que os levaram a essas decisões, a entrega dos cargos ocorre em um cenário onde uma parcela crescente de servidores e o Sindicato direcionam críticas à atual direção do IBGE, deflagradas após o anúncio da Fundação de direito privado “IBGE+”, criada de forma sigilosa e sem consulta aos servidores, em julho de 2024″.

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A entidade acrescenta: “A crise em curso foi agravada ainda por outras decisões arbitrárias da presidência, como a decisão de transferir fisicamente as Diretorias de pesquisa, Geociências e Informática para um local de difícil acesso, sem planejamento e novamente sem qualquer consulta aos servidores. Nesse sentido, a entrega dos cargos de diretor e diretor adjunto de pesquisa mostra o agravamento da crise no IBGE.”

O Estadão/Broadcast teve acesso a uma mensagem de Elizabeth Hypólito aos colegas de trabalho sobre os pedidos de exoneração dos cargos de direção, após ser surpreendida pela distribuição da nota oficial da presidência antes que pudesse informar pessoalmente à equipe sobre sua saída.

“Infelizmente venho comunicar, por WhatsApp, os pedidos, meu e do João, de exoneração dos cargos de diretora e diretor-adjunto da DPE. Gostaríamos de ter feito o comunicado pessoalmente, explicando nossas razões, e sendo transparentes com vocês como buscamos ser todo esse tempo. No entanto, acabamos de tomar ciência de uma nota publicada na agência de notícias do IBGE. Logo, não nos restou outra alternativa”, diz o texto da mensagem.

Sindicato tem promovido paralisações

Nos últimos meses, o sindicato dos servidores do IBGE tem conduzido diferentes mobilizações de trabalhadores, incluindo paralisações temporárias, contra o que chamam de “autoritarismo” da gestão Pochmann. Os servidores reivindicam diálogo e esclarecimentos da atual direção sobre medidas como a criação da fundação de direito privado IBGE+, alteração no estatuto do instituto, mudança de locais de trabalho de funcionários e extinção do trabalho totalmente remoto.

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“A Assibge-Sindicato Nacional, órgão representativo dos servidores do Instituto, vem se posicionando há tempos pela suspensão das medidas em curso e abertura de consulta real aos servidores sobre as questões colocadas. Apenas assim será possível superar a crise enfrentada pelo órgão”, declarou o sindicato, nesta terça-feira, 7.

Substituto de Hypólito, Gustavo Junger é servidor do IBGE desde 2006, responsável atualmente pela Coordenação Técnica do Censo Demográfico. Vladimir Miranda, que sucederá Hallak Neto, está desde 2010 no IBGE, lotado no momento na Gerência de Planejamento Conceitual.

“A Presidência agradece aos servidores Elizabeth Hypolito e João Hallak, que seguem colaborando com o Instituto e com a Diretoria de Pesquisas, por sua contribuição e préstimos no período, ao mesmo tempo em que congratula os servidores Gustavo Junger e Vladimir Gonçalves Miranda desejando-lhes excelente condução na continuidade dos trabalhos da DPE”, diz a nota da presidência do IBGE.

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