Volume de serviços sobe 1,2% em julho e supera estimativas do mercado

Resultado no mês ficou acima do teto das previsões, que iam desde uma queda de 1,8% a uma alta de 1,1%; na comparação com julho do ano anterior, houve elevação de 4,3%, segundo o IBGE

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Atualização:

RIO - O volume de serviços prestados no País renovou patamar recorde em julho. O setor cresceu 1,2% em relação a junho, acumulando um ganho de 2,9% em dois meses de avanços consecutivos. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados nesta quarta-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Em junho ante maio, os serviços já tinham registrado uma expansão de 1,7%. Agora, a taxa de crescimento de julho foi a mais acentuada para o mês desde 2020, superando as estimativas mais otimistas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam desde uma queda de 1,8% a uma alta de 1,1%, com mediana de estabilidade (0,0%).

“Depois do resultado robusto de hoje, é possível que a desaceleração econômica prevista para o terceiro trimestre seja mais branda do que o esperado. Os próximos dados de atividade darão mais clareza sobre o ritmo de esfriamento da economia. Por ora, os dados mostram que o setor de serviços continua se beneficiando do mercado de trabalho aquecido, devendo fechar o ano com uma expansão próxima de 3%”, avaliou a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em comentário.

O crescimento dos serviços em julho foi forte e bom na perspectiva da atividade econômica, mas é uma grande preocupação no ponto de vista da inflação, ponderou o economista Carlos Lopes, do Banco BV.

“O setor de serviços deveria mostrar alguma desaceleração, dado o aperto da taxa de juros”, acrescentou Lopes, que prevê quatro altas de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. “Mas esses últimos resultados (da atividade econômica) reforçam uma subida mais alta para a Selic.”

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Três das cinco atividades de serviços registraram ganhos na passagem de junho para julho, segundo os dados do IBGE Foto: Sérgio Castro/Estadão

A conjuntura macroeconômica favorável, que inclui o mercado de trabalho aquecido e uma inflação mais comportada, tem ajudado no bom desempenho do setor de serviços no País, apontou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços no IBGE.

“Obviamente alguns dados de conjuntura auxiliam e corroboram o bom momento do setor de serviços”, disse Lobo.

No entanto, Lobo ressalta que o aquecimento do setor é sustentado por uma maior operação de negócios de empresas de serviços voltados para outras empresas, e não para famílias.

Os números por segmento de serviços

Na passagem de junho para julho, a principal contribuição para o avanço de 1,2% no setor de serviços partiu do crescimento de 4,2% registrado pelo segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares.

Uma grande empresa informante da PMS comunicou que estava informando suas receitas abaixo do valor correto, explicou Lobo, do IBGE, acrescentando que o novo montante é “muito maior” do que o que vinha sendo comunicado. A grande companhia em questão, que tem seu anonimato garantido pelo sigilo estatístico, “atua na parte de agenciamento de espaços de publicidade”. Segundo Lobo, o IBGE não obteve dados retroativos dessa empresa, mas a nova receita informada foi suficiente para influenciar o resultado do setor de serviços como um todo a partir de julho.

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“A partir de agora, a receita dos serviços profissionais, administrativos e complementares será muito maior”, afirmou Lobo.

O pesquisador acrescentou ainda que a mudança na informação prestada por essa grande empresa do setor pode explicar, inclusive, parte da disparidade do resultado da Pesquisa Mensal de Serviços ante as projeções de especialistas para o mês.

O segundo maior impacto positivo sobre a média global dos serviços em julho partiu da atividade de informação e comunicação, com alta de 2,2%. O terceiro segmento com avanço foi o de outros serviços (0,2%). Há demanda por serviços de segurança da informação e de soluções diversas diante da operação de novas plataformas para negócios, mas também de consumidores, que “cada vez mais consomem a partir de plataformas digitais”, disse Lobo.

Atividades que caíram

Na direção oposta, o setor de transportes exerceu o principal impacto negativo, com queda de 1,5%, seguido pelos serviços prestados às famílias, -0,2%. A queda nos transportes em julho tem influência de uma menor produção das indústrias extrativas, justificou Lobo. A safra agrícola menos pujante neste ano do que em 2023 também afetou o transporte de cargas, enquanto a alta de preços das passagens aéreas impactou o transporte aéreo de passageiros.

Regionalmente, 14 das 27 unidades da Federação registraram expansão no volume de serviços prestados em julho ante junho. O maior impacto positivo partiu de São Paulo (2,4%), seguido por Distrito Federal (14,8%), Rio de Janeiro (0,6%), Minas Gerais (0,9%) e Rio Grande do Sul (1,5%). Na direção oposta, as principais influências negativas foram de Espírito Santo (-2,3%), Mato Grosso (-1,7%) e Paraná (-0,2%). Colaborou Anna Scabello

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