A importância do ‘G’ do ESG no caso Americanas; leia artigo

É preciso que as empresas revisitem políticas, conceitos, estruturas organizacionais e de governança

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Por Alessandra M. Pivante

Quando se trata de ESG, a agenda ambiental (“E”) e social (“S”) são as mais discutidas e com maior visibilidade nas companhias, porém, a governança (“G”) nos parece negligenciada. O que é um erro, afinal, se analisarmos detalhadamente, é extremamente necessária a agenda de boa governança corporativa para implementação das boas práticas ESG. A governança é considerada o pilar de sustentação, inclusive ante os riscos ambientais e as implicações sociais que dependem, essencialmente, da estrutura de tomada de decisões dos órgãos decisórios das companhias.

Talvez muitas empresas tenham se acomodado ao considerarem que as suas práticas são suficientes. Mas a governança corporativa é dinâmica e deve ser aprimorada e reavaliada pelas empresas constantemente, ainda mais diante dos desafios de sustentabilidade, implicações sociais e novas tecnologias.

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As boas práticas de governança, pautadas nos princípios de transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa, não podem atender apenas aos direitos e interesses dos acionistas, mas devem assegurar os direitos de outros fornecedores, colaboradores e clientes, além de orientar, de forma abrangente, o resultado e o impacto dos negócios na sociedade.

O caso Americanas é apenas um dos exemplos de práticas inadequadas. O surpreendente é que ela sempre foi considerada um modelo, inclusive integrava o Índice de Sustentabilidade da B3 e o Dow Jones Sustainability Index World. Além do seu Relatório Anual de 2021, que continha aproximadamente 80 páginas dedicadas aos programas ambientais e sociais e 25 páginas sobre governança corporativa e resultados financeiros positivos. Dessa forma, foi difícil acreditar no escândalo financeiro de bilhões que veio à tona, trazendo prejuízos a milhares de investidores, a stakeholders e a toda a sociedade.

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Talvez empresas tenham se acomodado ao considerarem que suas práticas são suficientes, mas a governança corporativa deve ser aprimorada e reavaliada pelas empresas constantemente.  Foto: Pedro Kirilos/Estadão

O caso Americanas serve como alerta para todos que se importam apenas com discursos eloquentes e relatórios esteticamente diagramados a respeito dos compromissos ESG, negligenciando a consistência e a coerência das informações fornecidas ou divulgadas.

É preciso que as empresas tratem do tema com seriedade e urgência, revisitando políticas, conceitos, estruturas organizacionais e de governança, para, enfim, estabelecerem seus programas ESG e divulgarem suas boas práticas, de maneira que investidores, consumidores, clientes e demais stakeholders possam confiar. / ALESSANDRA M. PIVANTE É ESPECIALISTA EM GOVERNANÇA CORPORATIVA, SOCIAL, AMBIENTAL E DIGITAL, E INTEGRANTE DO L.O. BAPTISTA ADVOGADOS

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