PUBLICIDADE

Publicidade

Indefinição sobre política econômica de Lula leva investidores a adotar cautela

Expectativa com expansão de gastos públicos gera receio de piora fiscal no País; segundo analistas, gestores devem buscar refúgio em ativos de renda fixa atrelados a taxas flutuantes

Atualização:

O mercado se movimenta com cautela em relação aos investimentos enquanto o novo governo não emite informações concretas sobre a composição da equipe ministerial ou a linha política adotada nas estatais.

Apesar da incerteza, espera-se que a era Lula 3 eleve os gastos públicos e, por isso, o receio de uma piora fiscal faz com que gestores busquem refúgio, especialmente, em ativos de renda fixa atrelados a taxas flutuantes, como o Certificado de Depósito Interbancário (CDI, a taxa de juros cobrada nos empréstimos entre bancos que segue o movimento da Selic). Esse tipo de investimento também possui alta liquidez, o que é indicado em momentos de incerteza econômica.

PUBLICIDADE

“A PEC da Transição vai colocar, praticamente, R$ 200 bilhões fora do teto de gastos, a princípio. Isso pressiona o cenário fiscal e tem um efeito inflacionário que não é desprezível. Então, o Banco Central vai ter que reavaliar algumas leituras. Acredito que a melhor oportunidade para surfar o cenário seria uma aplicação pós-fixada de emissão privada. Conseguir uma emissão privada a 115%, 120% do CDI, que é uma taxa factível de se obter hoje nas plataformas como no próprio mercado de crédito privado”, indicou Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos.

Com a manutenção da taxa básica de juros a 13,75% anunciada nesta quarta-feira, 7, entre os principais produtos da renda fixa, o Certificado de Depósito Bancário (CDB) 110% e as letras de crédito imobiliário e do agronegócio (LCI e LCA) se destacam com uma rentabilidade real positiva, segundo cálculos do professor de Finanças da FGV-SP Fabio Gallo. Ele considerou a projeção da inflação de 5,92%, como consta do último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central.

Os títulos corrigidos pelo IPCA, na opinião de Bruno Rossetto, especialista em investimentos e sócio da Proinvestors, “se provaram uma ótima opção de investimento no Brasil”. Esse tipo de investimento tem remuneração híbrida, ou seja, ao mesmo tempo em que corrige o valor do investimento pela inflação, ele também dá um prêmio fixo a quem carrega o título até o vencimento.

O senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator geral do Orçamento, recebe o vice-presidente eleito e coordenador da equipe de transição do novo governo, Geraldo Alckmin, e o senador eleito, Wellington Dias (PTPI), designado pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, para tratar sobre o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023 com o Congresso. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO Foto: Wilton Junior/Estadão


Já quem decide resgatar o valor antes do tempo determinado fica sujeito à marcação do mercado, ou seja, deve aceitar o valor que o mercado topa pagar no dia do resgate. “Por isso, títulos atrelados ao IPCA com prazos médios (entre 2 a 4 anos) são uma ótima opção para o cenário atual”, recomenda Rossetto.

Já os prefixados perderam um pouco da atratividade, agora que o mercado espera que o início da queda da taxa básica de juros se inicie somente depois do segundo trimestre de 2023. Mas isso também não significa que não devam ser considerados na carteira durante a estratégia de diversificação.

Publicidade

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgou um relatório em que afirma esperar a redução da Selic em menor magnitude do que estava previsto na reunião do Copom de outubro.

“Em paralelo, a mediana das projeções indicou a postergação do início do ciclo de queda dos juros de junho para agosto de 2023. Desta forma, a taxa permaneceria em 13,75% até junho, seguida de um corte de 0,5%, mais duas reduções consecutivas de 0,75% e uma última queda de 0,25%, fechando o ano com uma taxa de 11,5%.”

Renda variável

A expectativa de desaceleração econômica não é exclusividade do Brasil. Na Warren, a expectativa é que os Estados Unidos também tenham uma contração maior da economia até que a inflação vá para o centro da meta.

PUBLICIDADE

“Isso naturalmente pode ser um cenário forte de revisão de lucro das empresas para as Bolsas americanas. Então a gente tem uma predileção por ações brasileiras”, disse Carlos Macedo, especialista em alocação de investimentos da gestora de investimentos.

“Setores mais defensivos como utilities, commodities e bancos são o que a gente tem visto um pouco mais de predileção. Assim que tivermos uma clareza maior sobre o final do ciclo de alta de juros e sinalizações de queda, aqueles setores mais sensíveis à taxa de juros podem performar um pouco melhor, como consumo discricionário e setor imobiliário. Claro que existem alguns casos particulares também, dependendo dos estímulos que o governo implementar, como o Minha Casa Minha Vida e transferência de renda”, afirmou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.