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Como a indústria brasileira pode usar a seu favor a transição energética? Acompanhe seminário

Evento promovido pelo ‘Estadão’ nesta sexta-feira, 20, às 9h, vai discutir como unir a política industrial e a política de sustentabilidade

Foto do author Carlos Eduardo Valim
Foto do author Elisa Calmon
Atualização:

O Brasil tem uma posição mais do que privilegiada no mundo quando se fala de transição energética. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cerca de 85% da matriz elétrica brasileira hoje é considerada energia limpa (hidrelétrica, eólica, solar e biomassa). E o potencial de desenvolvimento das fontes de geração renováveis é imenso.

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É uma posição muito diferente da encontrada em outros países e um diferencial importante quando se fala, por exemplo, em atração de investimentos, em um momento em que as questões climáticas se tornam um ponto cada vez mais determinante nas tomadas de decisões de empresas e governos. Apesar dessa posição, ainda há um caminho importante a ser percorrido nesse sentido, principalmente quando se fala de regulação, segurança jurídica e infraestrutura, por exemplo, se o País realmente quer se tornar competitivo nessa área.

Como fazer esse quadro se tornar realidade? Para discutir esse cenário, o Estadão promove nesta sexta-feira, 20, no salão nobre da Fiesp, em São Paulo, o seminário “Neoindustrialização apoiada pela transição energética — Como unir a política industrial e a política de sustentabilidade”. O evento tem o apoio institucional da Fiesp, Ciesp, Firjan e CNI. As inscrições podem ser feitas aqui. O evento, com início às 9h, terá transmissão ao vivo no portal do Estadão.

Parque eólico no Rio Grande do Norte Foto: JF Diório/Estadão

Para Rogério Zampronha, CEO da Prumo Logística e um dos participantes do evento, a energia renovável brasileira, com os ventos e o sol que há no País, é das melhores do mundo. “Então, o País deveria ter a energia renovável mais barata do mundo. Além disso, tem a energia hídrica também, temos água em abundância. Pelo menos, até agora”, disse. “Com isso, o Brasil pode também ganhar a corrida da biomassa. É possível produzir também, a partir dela, o hidrogênio e o biogás, que é o substituto natural do gás natural. Para completar, as florestas crescem no Brasil muito mais rápido do que em outros países. A gente tem três safras de soja por ano. O Brasil é abençoado nisso também.”

O problema, diz, é que estamos ficando para trás na corrida da regulação. “Nos países da Europa Ocidental, por exemplo, se andou muito mais rápido. Talvez exista mais consciência lá do que aqui. Mas a nossa vai vir a reboque, porque o Brasil não poderá mais, por exemplo, exportar aço na escala que exporta hoje para a União Europeia se não atingir determinados níveis de redução de emissão, que será de 30% nas siderúrgicas”, diz.

“E esse é só um dos exemplos. Se a gente não regula aqui, o mercado lá fora começa a impor barreiras, sejam tarifárias ou regulatórias, para os produtos brasileiros”, afirma. “Obrigatoriamente, temos de nos adaptar adaptar a essa regulação externa. O ideal é que a regulação interna ocorresse rapidamente, tão rápido quanto ocorreu no Chile, por exemplo.”

O risco de ficar para trás

Rodrigo Pupo, advogado especializado na área de comércio internacional e na “industrialização verde”, o Brasil precisa entrar imediatamente na política de descarbonização, ou vai ficar para trás. E precisa também acompanhar muito de perto o que tem sido feito nos outros países, para denunciar e evitar abusos, uma vez que políticas que envolvem subsídios podem acabar sendo usadas para criar protecionismo e comércio desleal.

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“O Brasil tem uma oportunidade imediata, que não pode perder. É agora, neste momento. O País não pode demorar”, diz. “Precisa saber aproveitar e atrair investimentos como uma estratégia nacional. Não é uma estratégia de governo, é uma estratégia de Estado, para dar estabilidade ao setor produtivo. E cada real que o Brasil investir em subsídio precisa ser muito mais bem empregado, mais bem utilizado do que o dólar dos EUA ou o euro da UE.”

Há interesse global em investir na produção de SAF no Brasil. Além de expertise, o principal motivo é o quadro regulatório, que traz muita confiança para os investidores

Guillaume Gressin, diretor executivo da Airbus na América Latina

Uma das novas áreas relacionadas à transição energética na qual o Brasil pode se destacar é a dos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na sigla em inglês). A familiaridade do Brasil com biocombustíveis faz com que o País seja cotado para ser um polo produtivo relevante de SAF. Apesar dos projetos brasileiros ainda estarem em fase inicial, a expectativa é de que atinjam um pico a partir do final desta década, segundo o diretor executivo de estratégia e operações comerciais da Airbus na América Latina, Guillaume Gressin.

Para o executivo, entre os principais estímulos para acelerar a produção de SAF no Brasil está a legislação voltada para o tema. No início deste mês, o Congresso aprovou o projeto “combustível do futuro”, que prevê a criação de programas nacionais de SAF, além de diesel verde e biometano. O texto agora depende da sanção presidencial.

“Há interesse global em investir na produção de SAF no Brasil. Além de expertise, o principal motivo é o quadro regulatório, que traz muita confiança para os investidores”, afirma Gressin. Ele ressalva, porém, que, por se tratar de projetos bilionários, é importante ter regras claras para evitar ruídos em meio a mudanças políticas, já que o combustível tem certificações rigorosas.

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