Indústria de eletrodomésticos prepara proposta de incentivos ao setor para apresentar ao governo

Empresários e governo avaliam a possibilidade de o programa Minha Casa, Minha Vida, na Faixa 1, incorporar no imóvel bens como fogão e geladeira; nos segmentos superiores, opção é venda com crédito subsidiado ou em feirões

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Foto do author Mariana Carneiro
Atualização:

BRASÍLIA – Empresários da indústria de eletrodomésticos preparam uma proposta para apresentar ao governo, em 30 dias, com iniciativas que podem estimular a produção nas fábricas. Mas, diferentemente do programa para automóveis, que foi transitório, os fabricantes de eletrodomésticos elaboram uma política de longo prazo.

O governo e os empresários discutem dois eixos. No primeiro, avaliam a possibilidade de o programa Minha Casa Minha Vida incorporar, no imóvel financiado pelo governo, bens como fogão, geladeira e outros eletrodomésticos, no caso dos empreendimentos da Faixa 1 – destinados a famílias com renda de até dois salários mínimos (R$ 2,6 mil). Nos segmentos superiores, a opção aventada é a venda com crédito subsidiado ou em feirões.

Objetivo é não reproduzir os erros do programa Minha Casa Melhor, lançado em 2013, no governo Dilma Rousseff (PT), que acabou com elevada inadimplência e operação restrita a poucas redes de varejo. Foto: Zeca Wittner/Estadão

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O desenho da política ainda está em estágio embrionário. Na quarta-feira, presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que iria ‘tentar encontrar um jeito’ de baixar os preços dos eletrodomésticos da linha branca. Na quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que deveria tratar do tema com o presidente, destacando que era preciso “encontrar espaço fiscal” para a medida.

Nesta sexta-feira, porém, após reunião com Lula, Haddad disse não ter discutido uma possível redução dos impostos da linha branca. “Não falamos não (sobre linha branca). Falamos só do Desenrola e do Orçamento de 2024. Não houve encomenda nenhuma para nós, nem sei se haverá. Até pensei que ele fosse tocar no assunto, mas não houve nenhuma demanda.”

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Até agora, técnicos da Casa Civil e dos ministérios das Cidades, Meio Ambiente e MDIC (Indústria e Comércio) já trataram do tema – que também deverá envolver a Fazenda e o Planejamento.

A desoneração de tributos é uma das possibilidades em estudo, mas representantes do setor privado veem limitações no uso do instrumento com as mudanças promovidas pela reforma tributária. Isso porque o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) deixará de existir e passará a ser incorporado ao Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual. A ideia é envolver bancos públicos e também programas como o Procel, do Ministério de Minas e Energia.

Erros do passado

O objetivo é não reproduzir os erros do programa Minha Casa Melhor, lançado em 2013, no governo Dilma Rousseff (PT), que acabou com elevada inadimplência e operação restrita a poucas redes de varejo, que não alcançavam usuários no interior do País.

Na ocasião, o governo lançou um cartão de compras com acesso a linhas de crédito subsidiadas. Desta vez, a indústria pretende se inspirar em programas que funcionam em países com Argentina, México e Itália para desenvolver uma política no Brasil que contemple também a classe média.

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Neste caso, a proposta é criar um programa para estimular a troca de equipamentos antigos, menos eficientes do ponto de vista do consumo energético e de água, por produtos mais modernos. Neste caso, a proposta da indústria é atuar também na logística reversa – ou seja, retirando os produtos antigos do mercado, o que agregaria um componente de sustentabilidade à política para a linha branca.

A questão ambiental foi uma das justificativas usadas pelo governo para lançar o programa automotivo. Segundo a União, a intenção era gerar uma troca de frota.

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