Indústria e serviços avançam e mantêm PIB estável no segundo trimestre, diz FGV

Indicador calcula que o Produto Interno Bruto brasileiro teve ligeira alta de 0,2% no período, mesmo com queda de 8% na agropecuária

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RIO - Após o impulso da safra recorde de soja no primeiro trimestre, a agropecuária devolveu parte dos ganhos no segundo trimestre. No entanto, indústria e serviços mostraram crescimento, mesmo em meio ao cenário de taxa de juros elevada, apontou o Monitor do PIB, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O indicador calcula que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve ligeira alta de 0,2% na passagem do primeiro trimestre para o segundo trimestre deste ano.

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“Tem uma certa resiliência da economia. Porque, apesar de estar num ambiente de juros elevados, que obviamente está afetando a economia, ainda assim esses setores estão crescendo”, argumentou Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB.

O PIB vinha de uma elevação de 2,0% no primeiro trimestre do ano, ante o quarto trimestre de 2022, turbinado pelo salto de 20,6% na agropecuária, ao passo que indústria (0,2%) e serviços (0,4%) tiveram resultados mais modestos.

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No segundo trimestre de 2023, em comparação com o primeiro trimestre do ano, a agropecuária caiu 8,0%, mas a indústria cresceu 1,1%, e os serviços avançaram 0,3%.

Setor de serviços é um dos principais geradores de emprego Foto: Felipe Rau / Estadão

“Já era esperada essa desaceleração (no PIB geral no segundo trimestre), mas tinha essa expectativa se o número seria positivo ou negativo. Mas a gente conseguiu, devido a essa contribuição da indústria e dos serviços, manter essa estabilidade, pelo menos não caiu”, pontuou Trece. “A gente deve ter um segundo semestre mais desafiador. Esse segundo trimestre já está mostrando isso, embora seja positivo.”

Segundo a pesquisadora do Ibre/FGV, a agropecuária já garantiu “um bônus” na economia este ano, graças à safra recorde, especialmente de soja. O setor deve entregar uma contribuição de 0,7 ponto porcentual para a taxa de crescimento do PIB brasileiro de 2023, prevê. “Não é pouca coisa”, ressalta.

Ela lembra que 90% da colheita de soja acontece até abril, então o grosso dessa contribuição do campo para a economia já ocorreu. Daqui em diante, Trece espera uma influência maior, especialmente dos serviços e da indústria extrativa.

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“A extrativa mineral também está sendo um benefício este ano. A gente está com um número bom tanto para petróleo quanto para minério de ferro este ano, os principais produtos da extrativa”, apontou a economista, que prevê um avanço em torno de 2,5% no PIB brasileiro de 2023.

Embora espere um possível impacto positivo do programa de governo Desenrola, para renegociação de dívidas, Trece acredita que o consumo das famílias ainda permaneça contido pelos altos níveis de endividamento no País, mas se sustente em território positivo no segundo semestre graças à demanda por serviços e bens não duráveis.

No segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre deste ano, os dados do Monitor do PIB apontam que houve uma alta de 0,4% no Consumo das Famílias, mas queda de 0,3% no Consumo do Governo. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) subiu 0,2%. As exportações avançaram 4,0%, e as importações aumentaram 11,8%.

O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais. O resultado oficial do PIB apurado pelo IBGE referente ao segundo trimestre será divulgado no próximo dia 1º de setembro.

Em relação ao segundo trimestre de 2022, o Monitor do PIB aponta crescimento de 2,6% na economia no segundo trimestre de 2023. A atividade econômica registrou uma elevação de 1,3% no mês de junho ante maio. Na comparação com o mês de junho de 2022, houve expansão de 2,7% em junho de 2023. Em termos monetários, o PIB alcançou aproximadamente R$ 5,075 trilhões no primeiro semestre de 2023, em valores correntes.

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