Inflação de pobre é menor que a de rico

Segundo estudo do Ipea, nos últimos 12 meses, a taxa das famílias mais pobres subiu 2%; já a das famílias mais ricas registrou alta de 3,5%

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RIO - O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta quinta-feira, 16, um novo índice mensal para medir a inflação por faixa de renda, uma análise inédita no País que tem por objetivo identificar as diferenças de consumo entre famílias ricas e pobres. O índice foi dividido em uma escala de seis níveis, que vão de uma renda de até R$ 900 (muito baixa) a uma renda maior que R$ 9 mil (muito alta).

Mercado reduz para 3,70% a projeção para a inflação em 2018 Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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O Ipea identificou que nos últimos 12 meses encerrados em outubro a inflação das famílias mais pobres (+2%) foi inferior à das famílias mais ricas (+3,5%). O motivo foi a queda no preço dos alimentos, item que mais pesa para a baixa renda junto com o aluguel, enquanto as famílias de renda muita alta sentem mais no bolso gastos com educação e planos de saúde.

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“Os consumos são muito diferentes entre essas famílias e, por consequência, podem ter médias de inflação muito diferentes. Isso pode ser utilizado para várias coisas, como definição de políticas públicas e reajuste salarial mais adequado ao grupo de renda que a pessoa pertence”, segundo o diretor de estudos e políticas macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo de Souza Júnior.

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As famílias com renda mais baixa gastam em alimentação 2,5 vezes a mais que as de renda mais alta. O custo dos alimentos para uma família pobre chega a 23% da renda, enquanto para uma família rica é de apenas 9% da renda familiar, informou o Ipea.

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Por outro lado, a educação pesa 8,8% na renda das famílias mais ricas e apenas 2% para as mais pobres. As despesas com serviços de saúde chegam a 6,7% da renda mais alta e 1,4% para a mais baixa.

“Quando você olha as cestas de consumo das categorias, você consegue ver que quanto maior é a renda da população maior é a diversidade de bens e serviços que ela consome. Quanto mais pobre, mais concentrados acabam sendo os itens de consumo”, explicou a técnica de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, Maria Andréia Lameiras.

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Maior que o IPCA. O estudo do Ipea mostrou ainda que nos últimos 11 anos a camada mais pobre da população sofreu com a inflação mais que os ricos.

De julho de 2006 a outubro de 2017, a inflação das famílias de renda muito baixa acumulou alta de 102%, superior à observada na faixa de renda mais alta (+86,3%) e bem acima da inflação oficial medida pelo IPCA no período (89,3%).

As famílias de renda baixa foram prejudicadas no período pela alta dos alimentos, puxada pelas carnes (+198%), aves e ovos (+126%), entre outros, enquanto os itens que mais pesam para os ricos ficaram entre as menores variações de preços, como aparelhos de TV, som e informática (-39%) e eletrodomésticos e equipamentos (16,3%).

“A inflação mais alta prejudica mais os mais pobres. Esse estudo mostra que penalizam mais os mais pobres, por isso é tão importante ter em mente o controle inflacionário”, disse Maria Andréia.

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Para 2018, o Ipea prevê aceleração na inflação como um todo por causa da redução de queda no preço dos alimentos. Em meados de dezembro o órgão deverá rever sua previsão de alta de 4,2% do IPCA.

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