Inflação desacelera e fica em 0,16% em março, segundo o IBGE

IPCA veio abaixo das expectativas do mercado, que apontava alta de 0,24%; no acumulado em 12 meses, indicador ficou em 3,93%

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Atualização:

Após o repique provocado pela pressão dos reajustes de mensalidades escolares em fevereiro, a inflação oficial no País perdeu força em março. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de uma elevação de 0,83% em fevereiro para alta de 0,16% em março, menor resultado para o mês desde 2020, divulgou nesta quarta-feira, 10, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O resultado ficou praticamente no piso das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam um aumento mediano de 0,24%. A divulgação impactou as taxas de juros negociadas no mercado futuro, que chegaram a operar em queda após a surpresa com o cenário inflacionário mais benigno que o estimado.

A taxa acumulada pela inflação em 12 meses arrefeceu pelo sexto mês consecutivo, descendo a 3,93% em março, dentro do teto de tolerância (de 4,50%) da meta de inflação perseguida pelo Banco Central em 2024, que é de 3,0%.

“O IPCA de março veio abaixo do esperado e com abertura mais benigna também”, avaliou Luciana Rabelo, economista do Itaú Unibanco, em relatório.

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Rabelo identificou surpresas baixistas nos preços tanto de serviços quanto de bens industriais, mantendo assim uma projeção de alta de 3,6% para o IPCA no fechamento de 2024. A inflação surpreendeu para baixo em março, mas os preços dos serviços seguem pressionando, ponderou a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em comentário.

“Apesar de o IPCA ter desacelerado em março, ainda vemos a inflação de serviços muito pressionada pelo mercado de trabalho aquecido, o que representa um risco altista para os juros”, apontou Moreno, em comentário.

O C6 Bank prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central corte a taxa básica de juros, a Selic, dos atuais 10,75% ao ano para 9,25% ao fim de 2024, descendo a 8,5% no encerramento de 2025.

“Para a política monetária, esse dado de março (do IPCA) não deve alterar o plano de voo já anunciado pelo Banco Central. A nossa perspectiva é de cortes de 0,5 ponto porcentual nas próximas reuniões (do Copom), pelo menos para maio e junho. Os próximos dados serão importantes para calibrar melhor o cenário à frente”, corroborou o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.

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No mês de março, três dos nove grupos de bens e serviços que integram o IPCA registraram quedas de preços. As famílias gastaram menos com transportes (-0,33%), comunicação (-0,13%) e artigos de residência (-0,04%).

A redução de 9,14% no custo das passagens aéreas deu a maior contribuição para conter a inflação oficial em março, -0,07 ponto porcentual. No ano, as passagens aéreas já recuaram 31,21%, mas o item ainda acumula um avanço de 18,65% em 12 meses, observou André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

Alimentos subirem 0,53% em março Foto: Wilton Junior/Estadão

“Nos meses de férias a gente tem naturalmente uma maior demanda de viagens, visitar parente, turismo. Isso contribuiu para a alta dos preços das passagens aéreas no fim do ano passado”, disse Almeida.

Quanto ao recuo mais recente, o pesquisador acredita que possa estar relacionado tanto ao fim desse período de férias quanto à redução no preço do querosene de aviação, apontou. A gasolina, item de maior peso no orçamento das famílias, subiu menos em março, 0,21%, enquanto o etanol aumentou 0,55%. Já o gás veicular caiu 2,21%, e óleo diesel recuou 0,73%.

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“A alta de preços de alimentos também desacelerou”, acrescentou Almeida. “Ainda assim, o grupo Alimentação e bebidas teve o maior impacto no IPCA de março.”

Na passagem de fevereiro para março, o consumidor encarou mais alimentos com aumentos de preços, porém, os reajustes foram mais amenos. O gasto com Alimentação e bebidas subiu 0,53% em março, respondendo por cerca de dois terços de toda a inflação do mês. O índice de difusão de itens alimentícios, que mostra o porcentual de produtos com aumentos de preços, passou de 56% em fevereiro para 61% em março.

“A gente teve alta de preços em mais subitens alimentícios, porém, essa alta foi menor”, explicou Almeida.

Segundo o pesquisador, os preços dos alimentos têm subido nos últimos meses por uma influência climática sazonal, que neste ano foi agravada pela ocorrência do fenômeno El Niño. As intempéries prejudicaram algumas lavouras, reduzindo a oferta de determinados itens.

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O custo da alimentação no domicílio subiu 0,59% em março. As famílias pagaram mais pela cebola (14,34%), tomate (9,85%), ovo de galinha (4,59%), frutas (3,75%) e leite longa vida (2,63%). Já a alimentação fora do domicílio aumentou 0,35%. O lanche subiu 0,66%, enquanto a refeição fora de casa avançou 0,09%.

O principal vilão individual da inflação de março foi o plano de saúde, que ficou 0,77% mais caro, uma contribuição de 0,03 ponto porcentual para a inflação. O brasileiro também pagou mais pelos produtos farmacêuticos (0,52%), com destaque para o encarecimento do anti-infeccioso e antibiótico (1,27%) e do analgésico e antitérmico (0,55%).

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