Inflação no Reino Unido chega a 9,4% em junho e atinge nível mais alto em 40 anos

Aceleração da inflação foi impulsionada pelo aumento dos preços dos combustíveis e alimentos

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Por Matheus Andrade e André Marinho
Atualização:

A inflação no Reino Unido acelerou em junho para o patamar mais alto em quatro décadas, impulsionada pelo aumento dos preços dos combustíveis e alimentos. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 9,4% em 12 meses, o nível mais elevado desde abril de 1982, acelerando em relação à taxa anual de 9,1% de maio, segundo dados do Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS) divulgados nesta quarta-feira, 20.

Economistas consultados pelo The Wall Street Journal esperavam que a inflação chegasse a 9,3%. A pressão do aumento dos combustíveis e dos alimentos foi apenas ligeiramente compensada pela queda dos preços dos carros usados, segundo o ONS.

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O núcleo de preços ao consumidor, medida que exclui as categorias mais voláteis de alimentos e energia, diminuiu para 5,8% em junho, de 5,9% em maio, registrando uma segunda queda consecutiva na taxa anual.

Na avaliação da consultoria Capital Economics, a inflação no Reino Unido caminha para atingir um pico de cerca de 12% em outubro, na comparação em 12 meses. Em relatório, a consultoria aponta que a inflação alta significará que o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) continuará a aumentar as taxas de juros de 1,25% para 3,00%, mesmo se a economia estiver em recessão.

A Capital Economics aponta que a surpresa em junho veio principalmente do maior aumento da inflação dos preços de alimentos, que passou de 8,5% em maio para 9,8%, o maior patamar em 13 anos. A inflação dos alimentos provavelmente ainda não atingiu seu nível máximo, avalia a consultoria. Por outro lado, a análise aponta que a queda mais recente dos preços do petróleo sugere que uma queda do preço dos combustíveis poderá em breve ter um alívio sobre a inflação.

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Supermercado em Londres; inflação do Reino Unido aumentou 9,4% no ano, na leitura mais alta desde abril de 1982.  Foto: Neil Hall/EFE

Juros

Para o banco ING, o salto da inflação no Reino Unido ao maior nível em quatro décadas não deve ser suficiente para mudar os planos do Banco da Inglaterra (BoE) em relação aos juros. O banco holandês prevê que a autoridade monetária subirá os juros em 0,5 ponto porcentual na reunião do mês que vem, após quatro altas consecutivas de 0,25 ponto porcentual

A instituição também projeta que o índice de preços ao consumidor atingirá o pico de 11% em outubro. No entanto, estima que a inflação recuará rapidamente. “Efeitos de base negativos da energia significam que o CPI principal cheio ficará abaixo da meta de 2% do Banco da Inglaterra até o final de 2023.

O indicador elevado no Reino Unido corrobora o cenário de alta dos preços nos países ricos. Na terça-feira, 19. a agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat, divulgou que inflação na Zona do Euro atingiu recorde de 8,6% em junho, ao acelerar de 8,1% em maio. A inflação recorde, que segue influenciada pelos efeitos da guerra na Ucrânia, pressiona o Banco Central Europeu (BCE) a seguir adiante com planos de elevar juros pela primeira vez em 11 anos. O BCE, cuja meta de inflação é de 2%, fará anúncio de política monetária na quinta-feira, 21. / COM DOW JONES NEWSWIRES

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