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Investimento externo cai 43% em outubro e põe em xeque narrativa de Lula sobre atratividade do País

No acumulado do ano, queda no ingresso líquido de capital estrangeiro na produção chega a 40% em relação a 2022, segundo dados do BC

Foto do author José Fucs
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva costuma se vangloriar de o País ter voltado a atrair o capital estrangeiro em sua gestão, em oposição ao que aconteceu no governo Bolsonaro, quando os investidores supostamente teriam ficado longe do Brasil. Mas, quando se observam os números, o que se constata é um quadro bem diferente do sugerido pela narrativa presidencial.

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Segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) na segunda-feira, 4, os investimentos estrangeiros diretos tiveram uma queda de 43,2% em outubro em relação ao mesmo mês do ano passado, de US$ 5,83 bilhões para US$3,31 bilhões, já descontadas as saídas de capital. No acumulado do ano, entre janeiro e outubro, o tombo no ingresso de recursos externos na produção chega a 40% – 39,8% para ser mais exato, de acordo com o BC, passando de US$ 74,7 bilhões para US$ 44,9 bilhões.

Nos dez primeiros meses de 2023, o resultado acumulado é o segundo pior desde 2009, quando o fluxo de investimentos estrangeiros no mundo ainda sofria os efeitos da crise no mercado americano de hipotecas. É superior apenas ao de 2020, no auge da pandemia, quando os aportes externos também se reduziram drasticamente.

“Tivemos uma base de comparação mais elevada, pois em 2021 e 2022 registramos um volume mais alto devido à recuperação de 2020, que foi o ano da pandemia”, afirmou o Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas da instituição, em entrevista coletiva.

Narrativa de Lula sobre atratividade do País no exterior não é confirmada pelos números oficiais do investimento estrangeiro  Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Mesmo com este resultado, as projeções do BC para os investimentos estrangeiros no ano apontam para um saldo total de US$ 65 bilhões, um patamar que, para ser alcançado, exigirá a entrada líquida de cerca de US$ 20 bilhões em novembro e dezembro. Considerando que o maior ingresso mensal registrado em 2023 foi de US$ 6,2 bilhões, já descontadas as retiradas, em março, trata-se de uma previsão bem otimista, que não será fácil de ser confirmada.

As estimativas do Boletim Focus, que reúne as projeções médias dos bancos, são um pouco mais comedidas, de US$ 62,8 bilhões, mas também preveem um saldo líquido robusto, de US$ 17,9 bilhões, nos dois últimos meses do ano. Há um mês, porém, a previsão do Focus era de uma entrada líquida de US$ 70 bilhões em investimentos externos em 2023.

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