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Mercado aguarda resultado eleitoral para traçar estratégias, mas renda fixa continua como aposta

Momento é de cautela, mas dado o contexto macroeconômico, a maior vantagem ainda está na renda fixa, já que os ativos dessa categoria proporcionam um bom retorno com baixo risco

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Atualização:

A decisão do Copom de manter a taxa básica de juros a 13,75% nesta penúltima reunião do ano já era esperada por unanimidade pelo mercado. Apesar dessa certeza, os gestores de investimento aguardam um outro evento antes de traçarem de fatos estratégias mais definidas: o segundo turno das eleições, que acontece neste domingo, 30. Agora, o momento é de cautela, mas dado o contexto macroeconômico, a maior vantagem ainda está na renda fixa, já que os ativos dessa categoria proporcionam um bom retorno com baixo risco. Especialistas veem com bons olhos tanto os pós-fixados como os prefixados.

Para além das incertezas geradas pela cena política nacional - que têm o poder de fazer com que o dólar suba e, consequentemente, também a inflação - , há crises internacionais que geram dúvidas antagônicas entre os gestores. No radar, está a possível desaceleração da China, que pode gerar uma crise desinflacionária, como também está o agravamento da crise na Europa, que pode elevar à inflação.

B3, a Bolsa de Valores de São Paulo; renda fixa se beneficia da Selic alta Foto: Daniel Teixeira/Estadão - 3/9/2022

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Até aqui, os investimentos pós-fixados atrelados a taxas flutuantes - Selic, CDI (Certificado de Depósito Interbancário, a taxa de juros cobrada nos empréstimos entre bancos) e IPCA - eram os mais recomendados, pois esses índices corrigem o retorno do investimento conforme suas respectivas variações. Porém, com a leve melhora da inflação e a perspectiva de que a taxa de juros comece a cair em meados de 2023, os prefixados começam a ganhar mais terreno em algumas gestoras.

É o caso da Warren, conforme explicou o especialista em alocação de investimentos da casa, Carlos Macedo. “À medida que o Banco Central chega perto do fim do ciclo (de alta de juros), isso significa que talvez essa taxa seja o suficiente para desinflacionar a economia. Assim, o retorno dos investimentos indexados à inflação deve cair. Então, é melhor ‘travar’ essa taxa agora com uma parte em prefixados.”

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Os ativos prefixados são mais arriscados que os pós-fixados, pois o seu rendimento não varia conforme os indicadores econômicos. Ou seja, ano que vem, caso a economia piore e a Selic e o IPCA subam, os investimentos prefixados não vão acompanhar os índices, uma vez que o rendimento já é determinado no momento da compra e é invariável a partir daí.

Por isso, a especialista de renda fixa na Ágora, Simone Albertoni alerta para a importância de se ter uma carteira diversificada. “É mais para quem tem espaço na carteira. Olhando uma diversificação para tentar aproveitar esse cenário de agora numa possível queda de juros ali pro próximo ano”, indica Albertoni.

Para uma estratégia de curto prazo, o Tesouro Selic é uma boa alternativa para uma reserva de emergência, pois, lembra Lucas Carvalho, analista-chefe da Toro, o risco é baixíssimo e é possível ganhar mais de 1% bruto ao mês. Papéis atrelados ao CDI também acompanham os movimentos da Selic e podem ser utilizados com o mesmo propósito de investimento com alta liquidez.

Já para o longo prazo, os títulos indexados à inflação são os mais indicados. “Os ativos de inflação estão bastante voláteis e merecem ser olhados com bastante carinho. Estão pagando muito bem, porém estão oscilando bastante por conta da deflação em alguns meses, e também por uma inflação que deve ser cada vez menor. O que pode jogar a favor desses títulos são as taxas fixas que hoje estão pagando a inflação do período mais o prêmio de 9%”, explicou Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.

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Vinicius Romano, especialista de renda fixa da Suno Research frisa que, apesar da contínua queda nas expectativas de inflação de curto prazo – impactada pelas deflações observadas nos últimos três meses –, o IPCA segue acima do limite superior da meta do BC no horizonte relevante de política monetária (2023 e 2024), possibilitando um ganho no “carrego” destes ativos, além de um juro real atrativo (acima de 5,5% ao ano, na média).

Entre os principais produtos da renda fixa, a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e o Certificado de Depósito Bancário (CDB) se destacam com uma rentabilidade real positiva, segundo cálculos do professor de Finanças da FGV-SP Fabio Gallo. Ele considerou a projeção da inflação de 5,60%, como consta do último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central.

Renda variável

Segundo Macedo, da Warren, há um otimismo em relação à Bolsa brasileira “Independentemente do próximo governante”, o que muda é em qual setor apostar. “Se Bolsonaro ganhar, você deve ter um maior conforto em empresas estatais e utilities. Se for um governo Lula, é de se imaginar que voltem com mais força o programa Minha Casa Minha Vida, o que beneficia construtoras; se voltar o Fies, isso beneficia as empresas de educação. Se vier uma política firme de transferência de renda, isso beneficia o varejo e de valor agregado menor, como vestuário”, disse.