O primeiro dado de inflação oficial de 2024 trouxe uma surpresa, para baixo. O IPCA-15 de janeiro registrou uma variação de 0,31%, 0,9 ponto porcentual abaixo da taxa de dezembro (0,4%). O número é bem inferior ao que o mercado projetava. Segundo o Projeções Broadcast, a expectativa era de uma aceleração em relação ao mês passado, fechando em 0,47%. De acordo com os dados do IBGE divulgados nesta sexta-feira, 26, nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 4,47%, abaixo dos 4,72% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2023, o IPCA-15 havia ficado em 0,55%.
O dado, porém, veio com uma polêmica: o resultado do IPCA-15 foi publicado antes das 9h, horário previsto para a divulgação do indicador, no sistema Sidra (Sistema IBGE de Recuperação Automática). Por volta das 8h, o IBGE já havia divulgado em seu site que a variação mensal do índice para o mês de janeiro tinha o valor de 0,31%, segundo economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast. A informação vazada circulou entre grupos de economistas no WhatsApp, e foi tirada do ar para, em seguida, ser divulgada novamente às 9h.
Em nota, o IBGE citou um problema “técnico computacional de horários” em seus equipamentos, o que acabou adiantando a divulgação em uma hora. Segundo o instituto, sua área técnica do responsável está verificando o ocorrido para tomar as “devidas providências”. “O IBGE divulgou às 8h de hoje os resultados da pesquisa IPCA-15, quando a mesma deveria ter ocorrido às 9h. O IBGE relata que, diante de um problema técnico computacional de horários em seus equipamentos servidores, este processo, que é automático, acabou sendo adiantado em uma hora”, disse a nota.
Em relação aos dados do indicador, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete registraram alta em janeiro, segundo a divulgação do IBGE. A maior variação (1,53%) veio do grupo Alimentação e Bebidas. O grupo Saúde e Cuidados Pessoais, com alta de 0,56% acelerou em relação ao mês anterior (0,14%), enquanto Habitação (0,33%) registrou alta menos intensa. O grupo Transportes caiu 1,13% em janeiro, e as demais variações ficaram entre a queda de 0,03% de Comunicação e a alta 0,56% de Despesas Pessoais, segundo nota do Instituto.
“No grupo Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio subiu 2,04% em janeiro. Contribuíram para esse resultado as altas da batata-inglesa (25,95%), tomate (11,19%), arroz (5,85%), frutas (5,45%) e carnes (0,94%). A alimentação fora do domicílio (0,24%) desacelerou em relação a dezembro (0,53%). Tanto a refeição (0,32%) quanto o lanche (0,16%) tiveram variações inferiores às do mês anterior (0,46% e 0,50%, respectivamente)”, informa o IBGE.
No caso do grupo Saúde e Cuidados Pessoais, o resultado foi influenciado pelos planos de saúde (0,77%) e pelos itens de higiene pessoal (0,58%). De acordo com o órgão, destacam-se também as altas do desodorante (1,57%), do produto para pele (1,13%) e do perfume (0,65%).
Já no grupo Habitação, “o resultado da energia elétrica residencial (-0,14%) foi influenciado pela incorporação de alterações nas alíquotas de ICMS em Recife (1,56%), Fortaleza (-0,18%) e Salvador (-3,89%), a partir de 1º de janeiro, bem como pela apropriação residual do reajuste de -1,41% nas tarifas de uma das concessionárias pesquisadas em Porto Alegre (0,32%), a partir de 22 de novembro”.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.