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IPCA-15 sobe 0,39% em junho, pressionado por alimentação, mas resultado fica abaixo das estimativas

O grupo alimentação e bebidas teve a maior alta e peso no índice, puxado pelo aumento da batata inglesa, leite longa vida, arroz e tomate

Foto do author Marianna Gualter
Atualização:

RIO E SÃO PAULO - Sob pressão de aumentos nos preços dos alimentos, a prévia da inflação oficial no País registrou alta de 0,39% em junho, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), divulgados nesta quarta-feira, 26, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O resultado, porém, significa uma desaceleração ante a alta de preços de 0,44% vista em maio, além de ter ficado abaixo da mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Estadão/Broadcast, que apontava um IPCA-15 de 0,43% em junho.

“Na nossa visão, o mercado de trabalho aquecido deve dificultar a desaceleração da inflação de serviços. A depreciação recente do câmbio também é outro fator de pressão para a inflação. Nossa projeção é que o IPCA deve fechar 2024 com alta de 4,7%”, previu Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

Preço das frutas recuou em junho, segundo IBGE Foto: Serjão Carvalho/Estadão

A taxa acumulada pelo IPCA-15 em 12 meses voltou a acelerar, após três meses seguidos de arrefecimento, subindo de 3,70% em maio para 4,06% em junho.

O resultado abaixo do esperado no mês de junho foi puxado por uma queda nas tarifas aéreas, enquanto que a leitura dos demais componentes não altera a dinâmica esperada para a inflação ou para a condução da política monetária, avaliou o economista-chefe do Banco BMG, Flavio Serrano.

“Vimos alimentação no domicílio acelerando, pressionada especialmente por (produtos) semielaborados e um pouco por industriais. Os bens industriais vieram em linha e ainda são um fator de contenção da inflação”, detalhou Serrano. “As passagens puxaram os serviços para baixo, mas os serviços subjacentes e os intensivos em mão de obra vieram parecidos com o que imaginávamos”, completou.

Os preços dos alimentos subiram 0,98% em junho, respondendo por mais a metade de toda a inflação do mês. As famílias pagaram mais pela batata inglesa (24,18%), leite longa vida (8,84%), arroz (4,20%) e tomate (6,32%). Por outro lado, houve reduções no feijão carioca (-4,69%), cebola (-2,52%) e frutas (-2,28%).

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“Esse grupo (alimentação) sofre o impacto das chuvas no Rio Grande do Sul”, lembrou Claudia Moreno.

Houve pressão no orçamento também de aumentos de despesas com taxa de água e esgoto, energia elétrica e plano de saúde. Já o recuo de 9,87% nos preços das passagens aéreas exerceu a maior contribuição para conter a inflação apurada pelo IPCA-15 neste mês. Os preços dos combustíveis também baixaram: a gasolina ficou 0,13% mais barata; o etanol, -0,80%; gás veicular, -0,46%; e óleo diesel, -0,42%.

A economista Luciana Rabelo, do Itaú Unibanco, diminuiu a projeção preliminar para o IPCA cheio de junho, de 0,30% para 0,26%, após a divulgação do IPCA-15.

“Basicamente incorporamos passagem aérea, que repete, compensada por alguns itens como higiene pessoal, que vieram um pouco mais alto”, disse Rabelo.

Além da influência negativa da forte retração de passagens aéreas, uma redução também nos preços da gasolina deve aliviar um pouco mais o IPCA no encerramento de junho, corroborou Matheus Ferreira, analista da Tendências Consultoria Integrada.

“Para os alimentos, também é esperada ligeira desaceleração, embora esses preços devam permanecer mais pressionados do que o usual para esta época do ano”, avaliou Ferreira. “Para 2024, a expectativa para o IPCA permanece em alta de 3,8%. Para 2025, nossa projeção é de avanço de 3,9%.”

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