IPCA fica em 0,28% em novembro; em 12 meses, taxa recua para 4,68%

No mês passado, maior variação veio do grupo Alimentos e Bebidas, puxada pelas altas de preços da cebola, batata-inglesa e arroz

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Atualização:

Os aumentos nos preços das passagens aéreas e dos alimentos puxaram a ligeira aceleração da inflação oficial no País no mês passado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de uma alta de 0,24% em outubro para 0,28% em novembro. O resultado, porém, foi o mais baixo para o mês desde 2018, informou nesta terça-feira, 12, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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A taxa acumulada de inflação acumulada em 12 meses arrefeceu para 4,68% em novembro, ou seja, dentro do intervalo da meta perseguida pelo Banco Central, de 3,25%, com tem teto de tolerância de 4,75%.

“A leitura do IPCA de novembro continuou mostrando que a desaceleração da inflação continua em curso e não há nada a se preocupar”, avaliou Andréa Angelo, estrategista de inflação da gestora de recursos Warren Investimentos, em comentário, acrescentando que o desempenho inflacionário permanece uma notícia positiva, “dado o momento do mercado de trabalho e o forte desempenho da atividade econômica”.

O dado de novembro não muda as expectativas para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre o tamanho do corte de na taxa básica de juros, a Selic, a ser anunciado nesta quarta-feira, 13, opinou André Meirelles, diretor de alocação e distribuição da assessoria de investimentos InvestSmart XP. Ele espera que a Selic seja reduzida em 0,50 ponto porcentual, dos atuais 12,25% para 11,75% ao ano.

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“A grande expectativa do mercado para a reunião de amanhã (quarta-feira) é sobre o comunicado, que deve trazer a sinalização do Copom para as próximas reuniões”, ressaltou Meirelles, em comentário, acrescentando que a dúvida é se o comitê manterá o ritmo de cortes subsequentes em 0,5 ponto porcentual ao se pode acelera a magnitude para 0,75 ponto porcentual.

A inflação de novembro mostrou pressões sazonais, características dessa época do ano, mas foi contida de forma significativa pela queda no preço da gasolina, com contribuição também das promoções da Black Friday, explicou André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços no IBGE.

Grupo Alimentos e Bebidas teve alta de 0,68% em novembro Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A pressão sobre a inflação da alta de 19,12% na passagem aérea – com impacto de 0,14 ponto porcentual, o equivalente a metade do IPCA do mês – foi parcialmente compensada pelo alívio advindo da queda de 1,69% no preço da gasolina – contribuição de -0,09 ponto porcentual.

“O resultado de novembro foi bastante influenciado por essa queda na gasolina”, avaliou Almeida. “Lembrando que em 21 de outubro houve redução de 4,09% no preço da gasolina (pela Petrobras) para os distribuidores.”

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Em novembro, três dos nove grupos de bens e serviços investigados no IPCA registraram deflação. O consumidor gastou menos com artigos de residência, vestuário e comunicação. Houve recuos de preços relevantes nos perfumes, aparelho telefônico, equipamentos eletroeletrônicos e de informática, televisores e roupas. Segundo o IBGE, a apuração do IPCA do mês detectou promoções aplicadas por causa do período de campanha da Black Friday, ajudando a segurar o índice de novembro.

“Essas quedas podem estar relacionadas com promoções praticadas pré-Black Friday, durante a Black Friday e até pós-Black Friday”, contou Almeida. “A gente observou quedas nos preços de diversos produtos, desde perfumes, itens de higiene pessoal, aparelhos telefônicos, televisores, roupas”, listou.

Na direção oposta, houve pressão dos avanços de itens relacionados ao turismo.

“Passagem aérea, transporte por aplicativo, hospedagem, pacote turístico, aluguel de veículos. São itens mais demandados nessa época de fim de ano”, enumerou Almeida. “Foram influenciados por conta da aproximação do fim de ano e também dos feriados que a gente teve no mês de novembro.”

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Os alimentos também mostraram aumentos de preços em novembro. Problemas climáticos, como excesso de chuvas e a onda de calor que afetou o País, prejudicaram a colheita nas lavouras, elevando os preços de alguns itens alimentícios em novembro. O avanço no custo da alimentação respondeu por quase metade da inflação registrada pelo IPCA.

Os alimentos para consumo no domicílio subiram 0,75% em novembro. As famílias pagaram mais no mês pela cebola (26,59%), batata-inglesa (8,83%), arroz (3,63%) e carnes (1,37%).

Segundo André Almeida, no caso das carnes, a pressão ocorre após um período prolongado de quedas, além de responder também a um ciclo natural de produção da pecuária.

“A gente observou quedas consecutivas no preço da carne desde o final do ano passado, influenciadas, principalmente, por uma maior disponibilidade de carne no mercado. Então, com aquelas altas no preço da carne em 2022, os produtores passaram a ampliar o número de abates, o que fez com que a gente tivesse agora um menor número de matrizes”, explicou Almeida. “A partir do momento que teve mais abates, aumentou a disponibilidade, fez com que os preços caíssem. Agora a gente tem menos matrizes, menos nascimentos de bezerros, o que acaba resultando numa restrição da oferta.”

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Na direção oposta, ficaram mais baratos em novembro o tomate (-6,69%), cenoura (-5,66%) e leite longa vida (-0,58%). “A temperatura mais alta acelera a maturação do tomate. Os produtores foram obrigados a disponibilizar mais o produto no mercado, tem maior oferta”, justificou Almeida.

A alimentação fora do domicílio aumentou 0,32% em novembro: a refeição fora de casa subiu 0,34%, e o lanche aumentou 0,20%.

Apesar da alta em novembro, os alimentos têm contribuído para reduzir o resultado do IPCA no ano, afirmou o pesquisador do IBGE. De janeiro a novembro de 2023, o grupo Alimentação e bebidas recua 0,08%.

“Então esse resultado do grupo Alimentação e bebidas tem contribuído para reduzir o resultado do IPCA”, ressaltou Almeida. “A gente teve safra recorde de grãos em 2023. A gente teve maior disponibilidade das carnes. A queda nos preços dos grãos contribui para redução no custo de produção de carne, são insumos para ração animal. São fatores que têm contribuído para essa queda no grupo de Alimentação e bebidas”, enumerou.

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A alimentação no domicílio acumula redução de 1,83% no ano até novembro. Os preços das carnes acumulam queda de 9,87% de janeiro a novembro de 2023. Os preços das aves e ovos acumulam recuo de 7,57% no ano, enquanto os óleos e gorduras já caíram 16,41%. Os preços de tubérculos, raízes e legumes diminuíram 11,23% no ano. O feijão-carioca acumula queda de 24,22%.

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