IPCA fica em 0,24% em outubro; em 12 meses, índice recua para 4,82%

No mês passado, maior alta veio das passagens aéreas, que subiram 23,7%; os combustíveis, por sua vez, caíram 1,39%

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Atualização:

RIO - A queda no preço da gasolina ajudou a deter a inflação oficial no País em outubro, apesar das pressões dos reajustes das passagens aéreas e dos alimentos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de uma alta de 0,26% em setembro para 0,24% no último mês, divulgou nesta sexta-feira, 10, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O resultado ficou aquém do previsto por analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam uma inflação mediana de 0,29% em outubro. A constatação de um cenário inflacionário mais benigno fez alguns economistas revisarem para baixo as projeções de inflação para 2023.

O C6 Bank reduziu sua previsão para o IPCA deste ano de 5,2% para 4,8%, enquanto a corretora Guide Investimentos diminuiu de 4,82% para 4,66%. A corretora Warren Investimentos divulgou que a inflação pode ser inferior aos seus 4,5% previstos, em razão da possibilidade de um novo corte de preços na gasolina.

Para Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, não fossem as incertezas fiscais e a alta das taxas de juros nos Estados Unidos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central teria espaço para acelerar o ritmo de redução da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 12,25% ao ano. Segundo ele, os dados do IPCA de outubro confirmam “que a segunda fase da desinflação no Brasil tem avançado mais rapidamente do que o esperado”.

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“Mesmo assim, mantemos nossa previsão de que o Copom agirá com cautela e entregará cortes de 0,50 p.p. (ponto porcentual) nas próximas reuniões”, estimou Maluf, em relatório, que projeta inflação de 4,5% no encerramento de 2023, seguida por 3,9% em 2024.

A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses arrefeceu em outubro, após três meses consecutivos de aceleração: passou de 5,19% em setembro de 2023 para 4,82% no último mês, próxima ao teto da meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central (a meta é de 3,25%, com teto de tolerância de 4,75%).

Passagem aérea pressiona em outubro

No mês de outubro, houve maior disseminação de aumentos de preços entre os itens pesquisados no IPCA, incluindo os alimentos, que ficaram mais caros após quatro meses de reduções. No entanto, a inflação foi bastante concentrada no reajuste de 23,70% das passagens aéreas, responsável por praticamente 60% de todo o IPCA do mês, 0,14 ponto porcentual.

Aumento das passagens pode estar relacionada a fatores como aumento no preço do combustível, o querosene de aviação e a proximidade de feriados e férias de fim de ano Foto: Fabio Motta/Estadão

“Essa alta pode estar relacionada a alguns fatores, como aumento no preço do combustível, o querosene de aviação, e também a proximidade de feriados e férias de fim de ano”, justificou André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

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Por outro lado, a queda de 1,53% na gasolina ajudou a segurar a inflação no mês, retirando 0,08 ponto porcentual do IPCA.

“Não fosse a queda na gasolina, o IPCA teria sido maior”, confirmou Almeida.

Os combustíveis ficaram, na média, 1,39% mais baratos em outubro. Além da gasolina, recuaram também o gás veicular (-1,23%) e o etanol (-0,96%). Já o óleo diesel teve alta de 0,33%.

Alimentos sobem no mês, mas ainda recuam no ano

O excesso de chuvas nas lavouras e a demanda maior por exportações restringiram a oferta de alguns itens alimentícios em outubro, encerrando assim uma sequência de quatro meses seguidos de queda nos preços da alimentação, vista de junho a setembro.

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“O aumento no volume de chuvas prejudica a colheita e acaba reduzindo a oferta do produto no mercado, o que acaba induzindo um aumento de preços”, justificou André Almeida, do IBGE, mencionando itens como batata e cebola, que ficaram mais caros em outubro.

O grupo Alimentação e bebidas teve uma elevação de 0,31% em outubro. A alimentação para consumo no domicílio subiu 0,27% no mês, após também ter recuado nos quatro meses anteriores seguidos. As famílias pagaram mais agora pela batata-inglesa (11,23%), cebola (8,46%), frutas (3,06%), arroz (2,99%) e carnes (0,53%). Na direção oposta, ficaram mais baratos em outubro o leite longa vida (-5,48%) e o ovo de galinha (-2,85%).

Almeida acrescentou que a oferta de arroz e manga se reduziu também por exportações maiores desses produtos, num momento em que a demanda se sustenta estável no mercado consumidor doméstico.

Apesar da alta em outubro, o grupo alimentação e bebidas ainda acumula uma queda de 0,70% no ano, ou seja, ficou mais barato de janeiro a outubro de 2023. Os alimentos comprados em supermercados acumulam uma redução de 2,56% no período.

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Os preços das carnes registram queda de 11,08% de janeiro a outubro de 2023, as aves e ovos têm recuo de 8,06%, enquanto os óleos e gorduras já caíram 17,51%. Os preços de tubérculos, raízes e legumes diminuíram 14,54% no ano. O feijão-carioca acumula queda de 23,11%.

Não alimentícios

Entre os principais itens não alimentícios com queda em outubro figurou a energia elétrica, com recuo de 0,58%, apesar do reajuste de tarifas em três áreas de abrangência pesquisadas.

“Houve queda de PIS/Cofins em diversas áreas de abrangência da pesquisa”, justificou Almeida.

Já a estiagem no Amazonas e a onda de calor em diferentes regiões do País podem ter impulsionado os preços dos aparelhos de ar-condicionado, que subiram 6,09% em outubro, a segunda maior alta entre os itens não alimentícios apurados pelo IPCA do mês, atrás apenas das passagens aéreas.

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“A seca no Amazonas está afetando a produção de diversas indústrias, pode estar contribuindo para alta de preços do ar-condicionado”, acrescentou Almeida. “A onda de calor também pode estar contribuindo.”

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