IPCA fica em 0,42% em janeiro, puxado pelas altas de alimentos

Número representa uma desaceleração em relação a dezembro, mas veio um pouco acima do esperado pelo mercado

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Foto do author Marianna Gualter
Atualização:

RIO E SÃO PAULO - O aumento nos preços dos alimentos pressionou a inflação oficial no País em janeiro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,42%. O resultado, porém, foi o mais brando para o mês desde 2021, além de ter representado uma desaceleração ante o avanço de 0,56% verificado em dezembro, graças à queda nas tarifas aéreas, divulgou nesta quinta-feira, 8, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Como consequência, a taxa de inflação acumulada em 12 meses arrefeceu pelo quarto mês consecutivo, passando de 4,62% em dezembro de 2023 para 4,51% em janeiro de 2024. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central em 2024 é de 3,0%, com teto de tolerância de 4,50%.

“A composição do IPCA de janeiro não foi benigna. A inflação de serviços registrou patamar baixo por influência do item passagem aérea, mas acumula alta de 5,6% em 12 meses, patamar elevado”, apontou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário. “Nossa previsão é que a inflação continue acima do centro da meta em 2024, principalmente pela desaceleração lenta dos preços dos serviços, que sofrem a influência do mercado de trabalho aquecido. Projetamos que o IPCA termine o ano com alta em torno de 5%”, acrescentou.

A surpresa com a inflação de serviços foi puxada, principalmente, pelos serviços bancários, o que contribui para que o resultado do IPCA de janeiro não altere o plano de voo do Banco Central para a política monetária, avaliou a economista Luciana Rabello, do Itaú Unibanco. O Itaú prevê alta de 3,6% para o IPCA em 2024 e estima que a taxa básica de juros, a Selic, desça a 9% ao ano ao fim do ciclo de cortes, que seria em setembro.

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“Já não esperávamos continuação do processo de desinflação de subjacentes (serviços subjacentes, medida que exclui itens mais sujeitos a choques temporários) porque ainda vemos o mercado de trabalho apertado”, afirmou Rabello. “Quando olhamos a última comunicação do Banco Central, não mudou tanto, ele também parece estar preocupado com a dinâmica do mercado de trabalho apertado”, completou.

O IPCA teria sido de 0,57% em janeiro, não fosse a queda nas passagens aéreas, calculou André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE. As tarifas diminuíram 15,22%, detendo em -0,15 ponto porcentual a inflação do mês. No entanto, o recuo sucede uma alta acumulada de 82,03% nas passagens aéreas nos quatro meses anteriores, de setembro a dezembro de 2023. A base de comparação elevada explica a redução nas tarifas em janeiro, argumentou Almeida, acrescentando ainda que houve diminuição no custo do querosene de aviação (QAV, combustível de aviões).

Alimentação no domicílio subiu 1,81% em janeiro  Foto: Felipe Rau/Estadão

“Pode ter influenciado, uma vez que o combustível é um componente importante no preço das passagens aéreas”, disse Almeida.

O gasto das famílias com transportes caiu 0,65% em janeiro. Além da passagem aérea, o transporte por aplicativo recuou 10,19%, e o ônibus urbano diminuiu 0,92%. Houve redução ainda nos combustíveis: os preços do etanol caíram 1,55%; do óleo diesel, -1,00%; e da gasolina, -0,31%. Já o gás veicular subiu 5,86%.

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Foram os itens alimentícios que turbinaram o IPCA em janeiro, embora o encarecimento dos serviços bancários e do plano de saúde também tenha pressionado a inflação do mês, frisou André Almeida, do IBGE. Diante das condições climáticas desfavoráveis, os alimentos mais caros foram responsáveis por dois terços da inflação neste início de 2024.

“Historicamente, a gente observa alta nos preços dos alimentos nos meses de verão, por conta das temperaturas mais altas e maior incidência de chuvas no País. Neste ano, isso é explicado pelo fenômeno El Niño”, justificou Almeida.

Apesar de ser considerado um movimento sazonal, a elevação de 1,38% no custo do grupo Alimentação e bebidas em janeiro foi a maior desde abril de 2022. Considerando apenas meses de janeiro, o aumento no grupo foi o mais acentuado desde 2016.

A alimentação no domicílio subiu 1,81% em janeiro. As famílias pagaram mais pela cenoura (43,85%), batata-inglesa (29,45%), feijão-carioca (9,70%), arroz (6,39%) e frutas (5,07%). Já a alimentação fora do domicílio aumentou 0,25% em janeiro: a refeição fora de casa subiu 0,17%, e o lanche teve elevação de 0,32%.

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A LCA Consultores espera uma alta mais branda no custo da alimentação em fevereiro. Porém, o IPCA será mais elevado, em decorrência, principalmente, dos reajustes nas mensalidades escolares e da tributação dos combustíveis.

“Projetamos que o IPCA registrará +0,76% em fevereiro, na esteira da alta sazonal de Educação, bem como pelos efeitos diretos e indiretos da mudança na cobrança de ICMS em gasolina, diesel e etanol, o que, em conjunto com a queda menos pronunciada que coletamos para fevereiro em passagem aérea, sinalizam aceleração do grupo Transportes”, escreveu o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, em relatório.

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